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Resto de couro pode "alimentar" fábricas
UFSCar juntou os resíduos do material a um tipo de plástico com o objetivo de desenvolver partes de sapatos
Além de evitar danos ambientais, estudo visa cortar gastos, já que remover sobra de couro pode custar até R$ 450
DE RIBEIRÃO PRETO
De ameaça ambiental e peso financeiro, os restos de
couro gerados em curtumes e
fábricas de sapatos da região
de Ribeirão Preto podem passar a servir de "alimento" para o próprio setor calçadista.
A transformação do problema em solução foi construída no departamento de
engenharia de materiais da
UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), que juntou
os resíduos do couro a um tipo de plástico para desenvolver partes de sapatos.
A pesquisa teve início em
2007 com o objetivo de minimizar problemas com a destinação de subprodutos do
couro de boi, segundo o gerente do Centro de Caracterização e Desenvolvimento de
Materiais da UFSCar, José
Donato Ambrósio.
Para servir de matéria-prima, o couro de boi tem de
passar por diversos processos químicos. Um deles é a
aplicação de cromo que, em
condições normais, não oferece riscos à saúde e ao ambiente. Em contato com umidade, radiação solar e outras
condições de exposição, porém, o material pode ser cancerígenos.
A ameaça ambiental trouxe a consequência econômica: como não pode ser jogado
em qualquer lugar, as empresas pagam pela destinação
dos resíduos. Em Jaú, um dos
maiores polos calçadistas do
Estado, remover cada tonelada de sobras de couro até um
aterro em Paulínia custa cerca de R$ 450.
Já em Franca, o material é
depositado num aterro local.
Ainda assim, a remoção para
essa área custa até R$ 120.
O químico responsável do
curtume Quimifran, em
Franca, Maurício Silveira,
disse que achar uma solução
para esse resto do couro pode
ajudar a diminuir o custo dos
calçados, mas o maior benefício é ambiental.
Atualmente, Franca acumula cerca de cem toneladas
por dia de sobras de couro.
Bocaina, que também abriga
curtumes e fábricas, gera
mais 60 toneladas.
Para reduzir custos e tentar não agredir o ambiente, a
empresária Rosa Maria Boza
Hernandez, da Daleph, aderiu ao projeto de reciclagem
da UFSCar. Além de sua empresa, outras três de Jaú, incluindo um curtume, participaram da pesquisa e compartilharão a patente.
Em Franca, o Sindifranca
(Sindicato da Indústria de
Calçados de Franca) irá apresentar nas próximas semanas um projeto, desenvolvido em parceria com a USP,
para também reciclar os restos de couro. Ele é mantido
em sigilo pela entidade.
(JS)
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