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"Não vamos roubar o lugar do médico do paciente"
ENVIADA ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
James Newman, diretor da
Mayo Clinic, é uma referência do movimento de hospitalistas nos EUA. Presidente
da Associação Pan-Americana dos Hospitalistas, ele esteve no Brasil, em congresso da
especialidade. Leia trechos
da entrevista à Folha.
(CC)
Folha - Como está o movimento nos Estados Unidos?
James Newman - Tem crescido muito nos últimos 14
anos. Os hospitais têm se tornado ambientes cada vez
mais complexos, com muito
sistemas eletrônicos, tecnologias de última geração, e é
preciso ter equipes próprias
que acompanhem isso. Há 12
anos, na Mayo Clinic, começamos com sete hospitalistas. Hoje, somos 60.
E quais são os resultados?
Hoje o paciente fica no
hospital e seu médico, atendendo no consultório. Ele o
visita de manhã e, às vezes, à
tarde. Mas são visitas sempre
apressadas, eles não têm
tempo de explicar ao paciente ou à sua família detalhes
da doença ou do tratamento.
Os hospitalistas estão disponíveis o tempo todo nos hospitais, e as decisões do médico são mais rápidas. Isso tem
impacto na segurança do paciente.
Não há conflito, já que é o médico do paciente quem mais
conhece sua história clínica?
O médico pode conhecer
seu paciente há anos, mas,
normalmente, não conhece
bem o hospital. O hospitalista não rouba o lugar do médico. Ele vem somar, imprimir
mais qualidade no atendimento dentro do hospital.
Hoje, grande parte do cuidado
do paciente está nas mãos do
corpo de enfermagem...
Sim, mas as enfermeiras
continuarão lá. Elas falam
com as famílias, fazem várias
coisas. Mas não sabem dos
detalhes do tratamento, das
opções e dos próximos passos. Nosso time é multidisciplinar, todo mundo tem
chance de falar o que pensa,
fazer propostas. Os médicos
não são os donos da verdade.
O Brasil começa a discutir novos modelos de remuneração. O pagamento por desempenho funciona nos EUA?
Há um grande debate. Se
for para melhorar a qualidade, pode ser bom. O motor
que move a busca pela qualidade é a competição. Hoje,
nos EUA, há uma pressão
porque existe um ranking nacional dos melhores hospitais. Há anos, a Mayo sempre
tem ficado entre os cinco melhores. Ninguém quer perder
a colocação. Todo mundo
quer ser o número um.
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