São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

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Foco

Fotógrafo registra cenas sobre o acesso à saúde nas cinco regiões brasileiras

FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ambiente é estéril. As vestimentas dos médicos, as usuais. Os equipamentos, de ponta. A diferença da sala cirúrgica da foto acima para outra qualquer está na localização inusitada: a operação está sendo feita no meio da floresta amazônica, em uma tenda de lona protegida da chuva e do calor por uma palhoça.
Trata-se de uma equipe de médicos voluntários da ONG Expedicionários da Saúde, que atende moradores de regiões afastadas da Amazônia -a pé ou de canoa, centenas de pessoas, muitas de comunidades indígenas, chegam para receber tratamento.
Quem registra a cena é o fotógrafo e documentarista André François, que, durante três anos, percorreu as cinco regiões brasileiras em busca de imagens e histórias que representassem o tema do acesso à saúde no país. Visitou 38 cidades de 18 Estados e reuniu o resultado no livro "A Curva e o Caminho" (242 págs., R$ 60), que traz mais de cem imagens, editadas pelo fotógrafo Eder Chiodetto.
François é fundador da organização sem fins lucrativos ImageMágica, que desenvolve oficinas de fotografia e outras ações voltadas para "transformar os indivíduos por meio da percepção da comunidade que lhes rodeia".
Em 2006, ele lançou o livro "Cuidar: um Documentário sobre a Medicina Humanizada no Brasil", registrando "cuidadores especiais" em hospitais. Foi aí que surgiu a idéia do novo projeto. "Notei as dificuldades que rodeavam as pessoas nos hospitais e decidi que a saga desses pacientes em busca de acesso à saúde tinha que ser contada", diz.
Segundo ele, a idéia do novo livro foi transformar "estatísticas e números em pessoas, nomes reais". "São realidades muitas vezes desconhecidas até por quem estuda e gerencia as ações de saúde."
As fotos são acompanhadas por 20 histórias escritas pela jornalista Alícia Peres. Uma das mais marcantes, conta François, foi a de André Jr., um menino de oito anos que, com a mãe, percorria quilômetros de sua casa, no Pará, para tratar uma leucemia em Goiânia. "Passei muito tempo registrando os dois. Deixei o hospital prometendo voltar em breve, mas ele faleceu antes disso", conta. Um dos objetivos do livro, diz François, é fazer com que equipes de governo "se aproximem dessas realidades e movam recursos para transformá-las".
Atualmente, ele viaja o mundo para seu novo projeto: registrar o acesso à saúde nos cinco continentes.
O livro será lançado no dia 10/12, às 19h30, na Fnac Pinheiros (pça. dos Omaguás, 34, São Paulo), e vendido nas principais livrarias.


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