São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

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"Minha madrinha me trouxe para cá em 1946. E nunca veio me ver"

DE SÃO PAULO

As bochechas são coradas e a pele do rosto é clara e lisa.
Demaris Felipe dos Santos tem 76 anos - 64 passados no Hospital Geriátrico e de Convalescentes D. Pedro II, da Santa Casa de São Paulo.
É o maior hospital de retaguarda (para internação prolongada) do Brasil.
Demaris tem poliomielite desde bebê. Sem a ajuda da fisioterapia, foi perdendo o que lhe restava de mobilidade. Não conseguia se sentar, controlar esfíncteres ou comer sozinha.
"Dia 13 de setembro de 1946 minha madrinha me trouxe para cá. Nunca mais veio me ver", conta Demaris, que não conheceu a mãe.
No hospital de retaguarda, ela começou a fisioterapia. Hoje se senta e pode se movimentar na cadeira de rodas, come sozinha e faz bordados na oficina da instituição. Mostra a almofada que está bordando, em tons de rosa, sua cor preferida.
Ao seu lado, Rosa Cristina de Jesus, 58, confecciona fraldas, que são usadas por outros pacientes. Por causa do diabetes, teve que amputar as duas pernas.
Há cinco anos no D. Pedro II, ela acha que já deu. "Agora quero ir embora."
Rosa conta que dois de seus filhos moram na Mooca, zona leste de São Paulo. O D. Pedro fica na zona norte. "Eles vêm [me visitar]. Quase nunca, mas vêm."


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