|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
"Minha madrinha me trouxe para cá em 1946. E nunca veio me ver"
DE SÃO PAULO
As bochechas são coradas e a pele do rosto é clara e lisa.
Demaris Felipe dos Santos tem 76 anos - 64 passados no Hospital Geriátrico e de Convalescentes D. Pedro II, da Santa Casa de São Paulo.
É o maior hospital de retaguarda (para internação prolongada) do Brasil.
Demaris tem poliomielite
desde bebê. Sem a ajuda da
fisioterapia, foi perdendo o
que lhe restava de mobilidade. Não conseguia se sentar,
controlar esfíncteres ou comer sozinha.
"Dia 13 de setembro de
1946 minha madrinha me
trouxe para cá. Nunca mais
veio me ver", conta Demaris,
que não conheceu a mãe.
No hospital de retaguarda,
ela começou a fisioterapia.
Hoje se senta e pode se movimentar na cadeira de rodas,
come sozinha e faz bordados
na oficina da instituição.
Mostra a almofada que está
bordando, em tons de rosa,
sua cor preferida.
Ao seu lado, Rosa Cristina
de Jesus, 58, confecciona
fraldas, que são usadas por
outros pacientes. Por causa
do diabetes, teve que amputar as duas pernas.
Há cinco anos no D. Pedro
II, ela acha que já deu. "Agora quero ir embora."
Rosa conta que dois de
seus filhos moram na Mooca,
zona leste de São Paulo. O D.
Pedro fica na zona norte.
"Eles vêm [me visitar]. Quase
nunca, mas vêm."
Texto Anterior: Quem fica com o doente? Próximo Texto: Recém-formado largou emprego e virou cuidador da mãe "no tranco" Índice | Comunicar Erros
|