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Recém-formado largou emprego e virou cuidador da mãe "no tranco"
DE SÃO PAULO
Eram sete horas da manhã
do dia 27 de março quando
Marina da Silveira Cuti, 66,
abriu a porta do quarto do filho único, Claudemir, 31. Ela
não podia falar e não mexia o
lado direito do corpo.
Chegou ao pronto-socorro
do bairro onde moram, em
Porto Alegre, com um derrame hemorrágico. Ficou 45
dias internada.
"Ao dar a alta, o médicos
disseram que não havia nada
a fazer", conta Claudemir.
A sonda de alimentação
foi retirada após a alta. Na
mesma noite, quando o filho
foi lhe dar o remédio, ela engasgou. Claudemir levou a
mãe a um hospital municipal. Ali, soube que ela não
poderia ter saído sem a sonda.E que sua rotina, a partir
dali, seria a de fazer muitas
reinternações.
Em casa, a nova rotina de
Claudemir era alimentar a
doente, trocar fralda, cozinhar e lavar roupas. "Aprendi no tranco."
Para cuidar da mãe, teve
de largar o emprego. "Pensei
em contratar alguém, mas a
aposentadoria dela por
doença é um salário. Quem
cuida de doentes cobra no
mínimo um salário e meio."
Recém-formado como técnico em informática, Claudemir vendeu o computador,
para aguentar mais uns meses. Depois, não sabe como
será. "Fico pensando quando
poderei deixar minha mãe
em casa para ir trabalhar."
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