São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

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Recém-formado largou emprego e virou cuidador da mãe "no tranco"

DE SÃO PAULO

Eram sete horas da manhã do dia 27 de março quando Marina da Silveira Cuti, 66, abriu a porta do quarto do filho único, Claudemir, 31. Ela não podia falar e não mexia o lado direito do corpo.
Chegou ao pronto-socorro do bairro onde moram, em Porto Alegre, com um derrame hemorrágico. Ficou 45 dias internada.
"Ao dar a alta, o médicos disseram que não havia nada a fazer", conta Claudemir.
A sonda de alimentação foi retirada após a alta. Na mesma noite, quando o filho foi lhe dar o remédio, ela engasgou. Claudemir levou a mãe a um hospital municipal. Ali, soube que ela não poderia ter saído sem a sonda.E que sua rotina, a partir dali, seria a de fazer muitas reinternações.
Em casa, a nova rotina de Claudemir era alimentar a doente, trocar fralda, cozinhar e lavar roupas. "Aprendi no tranco."
Para cuidar da mãe, teve de largar o emprego. "Pensei em contratar alguém, mas a aposentadoria dela por doença é um salário. Quem cuida de doentes cobra no mínimo um salário e meio."
Recém-formado como técnico em informática, Claudemir vendeu o computador, para aguentar mais uns meses. Depois, não sabe como será. "Fico pensando quando poderei deixar minha mãe em casa para ir trabalhar."


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