São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 2009

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FINA

Emannuelle de Clermont-Tonnerre, musa de Búzios

por ALICE GRANATO, em Búzios

NOUVELLE VAGUE

Como nos tempos de Brigitte Bardot, Búzios se rende a mais uma francesa: a dona do Insólito, o hotel butique preferido dos Finos

Em 2005, a advogada parisiense Emmanuelle Meeus de Clermont-Tonnerre, 35, desembarcou no Brasil acompanhando o marido, um milionário do setor de biocombustíveis que, à época, mudava-se para o Rio em função do trabalho. Então estagiária de uma empresa de advocacia em Genebra, na Suíça, ela não falava uma palavra em português. A primeira coisa que fez foi se matricular em um curso para aprender a língua. "Queria, antes de mais nada, poder me comunicar", diz.

Emmanuelle entendeu a mudança de país como um sinal para rever sua vida profissional –mas ainda não imaginava que iria construir aqui seu primeiro negócio. Foi o que aconteceu: apaixonada por Búzios, que frequentava aos fins de semana, e pela cultura brasileira de modo geral, ela decidiu abrir um hotel que fosse permeado pela arte do Brasil. "Eu queria que as pessoas, os hóspedes estrangeiros que recebo, pudessem descobrir o país assim como eu, com o melhor de sua arte."

O Insólito, hotel butique na praia da Ferradura, foi inaugurado em abril de 2008 e, logo em seguida, virou cenário do filme "À Deriva", do cineasta Heitor Dhalia. O lugar também hospedou o elenco durante as filmagens e já serviu de locação para diversos catálogos de moda.

A dona cuidou pessoalmente da composição de cada quarto, todos temáticos: o Orfeu da Conceição traz motivos da obra de Tom Jobim e Vinícius de Moraes; o Guarani remete a Carlos Gomes; o Bachianas, a Villa Lobos. A lista ainda tem ainda nomes como Oca, Candomblé, Pau Brasil e Outeiro da Glória. "A ideia é que cada quarto conte um pouco da história das obras, seja por meio de livros, fotografias, discos, artesanato ou design", explica a francesa, que se dedicou a garimpar todas as peças da decoração.

Emmanuelle, cujo sobrenome, Clermont-Tonnerre, vem de uma antiga família de nobres de Dauphiné, no sudoeste da França, mora em um apartamento na Vieira Souto, em Ipanema, mas foi buscar suas referências na rua do Lavradio, na Lapa, famosa por seus antiquários, e no shopping da Siqueira Campos, em Copacabana (citado na música de Marcelo Camelo, que diz "o shopping da Siqueira é um barato"). Ela diz que nunca desejou fazer uma coisa pretensiosa: "Queria ter um hotel de luxo, mas descontraído. Fazer com que as pessoas se sentissem na casa de amigos que sabem receber bem."

Com a novela "Viver a Vida", de Manoel Carlos, mostrando muitas cenas em Búzios, as expectativas de público para este verão são as melhores. A novidade para a estação será um avião monomotor de seis lugares à disposição dos hóspedes –ideia da anfitriã, que quer trazer, por exemplo, paulistas, de porta a porta. "Quero facilitar a chegada ao paraíso", diz ela, que decidiu também criar um anexo para animar o verão de hóspedes e não hóspedes (estes pagarão uma taxa por dia). Chamado de "beach lounge", o espaço acaba de ser inaugurado e tem programação diária de DJs e música ao vivo, das 10h às 19h. Além das mesas, o lugar oferece tendas, chaises e um espaçoso ofurô. Outros luxos são o bar de madeira centenária, uma charutaria, serviço de massagem à beira-mar e chuveiros feitos com galhos de árvores.

Emmanuelle já fala um bom português (com sotaque francês, claro), só usa biquínis brasileiros ("especialmente os da Lenny e os da Salinas"), pretende abrir uma filial do hotel em Trancoso, na Bahia, e se sente cada vez mais "enraizada". "Não consigo imaginar minha vida longe do Brasil", diz.

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