São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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DESENHO

A cara da OSESP

por GUSTAVO FIORATTI

Criador da identidade visual da orquestra mais importante do país, o designer Vicente Gil incorpora o imprevisto em seu trabalho

O logotipo da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, por ora, perde um pequeno (e signi-ficativo) detalhe: cai o nome do ?maestro John Neschling, regente-titular desde 1997, demitido há cerca de um mês. Mas permanece, em programas e convites da temporada 2009, o desenho concebido em 1998 pelo designer gráfico ?Vicente Gil, 59. São quatro traços verticais, separando as letras "o", "s" e "p" -o que dá pistas de uma antiga vontade de Neschling de mudar o nome do grupo para Orquestra de São Paulo. "Tentei sintetizar ali um retrato geral da orquestra, daqueles arcos dos instrumentos de corda todos apontando para cima, mais ou menos paralelos entre si", conta Gil. O desenho da letra "s" também tem uma particularidade: remete à linha que todo violino tem, vazada, no tampo superior de madeira. Para chegar ao logo atual, Gil rabiscou não apenas um estudo, mas uma série de caminhos, alguns publicados, outros não. Como mostram o primeiro desenho nesta página, selecionado com exclusividade para Serafina, seu trabalho tira partido de acidentes, ou daquilo que chama de "trabalhos sujos", como testes de impressão descartados pelas gráficas (figura 1). "O segredo é tratar a imperfeição com perfeição", prescreve. Autor de "A Revolução dos Tipos", resultado de sua tese de doutorado pela FAU-USP, onde é professor desde 1983, o designer traz no currículo oito participações nas bienais de design gráfico da ADG (Associação dos Designers Gráficos do Brasil), tem trabalhos publicados pelas revistas especializadas "TDC" e "How" e, até março, também participa da BID (Bienal Iberoamericana de Design), em Madri. Ao seu lado, tem sempre a colaboração de sua mulher Nasha Gil, 46, que foi sua aluna na FAU. "Ela se apaixonou por mim, e a gente se casou dentro de um escritório", detalha, rindo. O casal vive em sintonia, ouvindo a rádio inglesa Capital, que acessa pela internet. Entre os CDs, repertório erudito tem preferência. "Mas também gostamos de 'música de boa-te', fazer o quê?".

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