São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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Négocios à parte

por ANA PAULA JUNQUEIRA, DE DAVOS

HABITUÉ DO FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL DE DAVOS, ANA PAULA JUNQUEIRA NARRA A SUA VERSÃO DO ENCONTRO PARA SERAFINA

Este ano foi atípico. Com o colapso do mercado fi nanceiro, muita gente não compareceu ao evento, o que tornou, para mim, o fórum bem mais interessante. Não havia aquela ansiedade para fazer negócios, pois ninguém quer se arriscar neste momento.

Pela quarta vez no fórum, acompanhei alguns debates sobre meio ambiente -essa é uma das agendas que mais me preocupa. Al Gore esteve presente e, segundo ele, medidas precisam ser tomadas para diminuir as emissões de C02 já!

Entre os vários painéis, fi z minhas escolhas voltadas para questões como mudança de clima, saúde da mulher e, claro, economia. Em geral, as conversas com líderes dos países presentes em Davos são feitas no Congress Centre, sob um forte esquema de segurança. Mas os almoços e jantares são sempre realizados em hotéis.

Em um desses almoços, participei do painel "Brazil New Power Broker" (não há tradução direta, seria algo como "mediador internacional de peso"). Esse foi de longe o debate mais otimista. Bem, esta é uma das características do brasileiro, o otimismo.

Durante o jantar das mulheres, para o qual fui convidada e que foi organizado pelo grupo coordenado por Wendi Murdoch (casada com o rei da mídia, Rupert Murdoch), Indra Nooyi (presidente mundial da Pepsi), Melinda Gates (mulher de Bill Gates), "queen" Rania (rainha da Jordânia) e Sarah Brown (mulher do primeiro-ministro da Inglaterra), o assunto da noite foi a mortalidade materna, questão muito séria em países em desenvolvimento (principalmente a China e a Índia). Terminamos o jantar com o compromisso de ajudar a melhorar a vida das mulheres nessas nações.

Ao sair do restaurante, naquela noite, fi quei surpresa ao pegar meu casaco, pois o "coat check" (algo como atendente da chapelaria) era Rupert Murdoch em pessoa! Ele estava entregando os casacos numa brincadeira, já que os homens não são convidados para esse jantar.

Em um dos painéis econômicos, ouvi as conclusões de alguns economistas, como a do meu amigo Nouriel Roubini, que já há algum tempo previu com precisão a crise pela qual estamos passando, e a de Niall Ferguson, professor de história em Harvard. Ao que parece, estamos muito longe de achar a luz no fi m do túnel, já que em Davos infelizmente não foram encontradas respostas. Quem sabe na cúpula do G20 em abril próximo...

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