São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

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NO RIO

O Copa é nosso

por HELOISA SEIXAS

Copacabana Palace é motivo de orgulho até para quem nunca entrou no hotel

A diretora de relações públicas do Copacabana Palace, Claudia Fialho, diz que, se fizerem um concurso para saber quem é a pessoa mais fotografada do Rio, o vencedor será Jorge Freitas, ou Cafuringa, como é conhecido o capitão-porteiro do Copa, que recebe as pessoas na porta do hotel há 38 anos.

"Todo mundo pede para tirar uma foto com ele, principalmente os turistas brasileiros. Quando param diante da porta principal, as pessoas parecem sentir orgulho do Copa", diz.

E devem sentir mesmo. Por dentro e por fora, o Copacabana Palace é uma beleza. Em 1923, quando o arquiteto francês Joseph Gire construiu o hotel a pedido da família Guinle, ele se inspirou em dois hotéis da Riviera francesa: o Negresco, em Nice, e o Carlton, em Cannes. São ambos espetaculares, mas, cá entre nós, acho o Copa mais bonito. Apesar de não ter as majestosas cúpulas de ardósia de seus primos franceses, o Copa é o único dos três com aquele terraço de balaústres na frente, famoso por ter servido de pano de fundo à primeira dança de Fred Astaire e Ginger Rogers no filme "Voando Para o Rio" (1933).

A importância histórica e urbanística do Copa é inegável: foi em torno dele que se ergueu o bairro de Copacabana. Quando o hotel foi construído, a região era um areal salpicado de casas de veraneio. Por isso, temos hoje ali em seu entorno, nos quarteirões que circundam a praça do Lido, tantos prédios art déco, todos surgidos nos anos subsequentes à construção do Copa, quando o estilo arquitetônico estava no ápice. E foi esse boom imobiliário que fez de Copacabana o único bairro do Rio que já nasceu cosmopolita.

A VISÃO DO GLAMOUR

Em 1989, depois de mais de seis décadas à frente do Copa, a família Guinle vendeu o hotel –que já pedia reformas– à Orient-Express, de Philip ?Carruthers, que lhe deu nova vida. As mudanças foram muitas, mas as primeiras e mais visíveis foram a pintura e a nova iluminação da fachada que dá para a avenida Atlântica, assim como a recolocação dos mastros com as bandeiras de diversos países.

Segundo Claudia Fialho –no cargo desde 1990 e agora de volta, após breve interregno–, houve até um vizinho que telefonou reclamando que as bandeiras, quando retiradas dos mastros ao fim do dia (o que não acontece mais), não eram tratadas com a devida cerimônia. "O carioca é assim, controla tudo, acompanha tudo", diz.

Em suma, o Copa é nosso. Claro que não é todo mundo que pode pagar por uma hospedagem numa das suítes da cobertura (com até 100 m2, serviço de mordomia exclusivo e acesso à piscina privativa do sexto andar, a diária custa em média R$ 4.500), mas sempre há uma maneira de desfrutar desse hotel onde até a entrada de serviço, na rua Rodolfo Dantas, é bem decorada, com tapetes e vasos de plantas. Um luxo. O spa diurno, por exemplo, dá direito a um quarto durante o dia (até as 20h) e, além de receber suas massagens, o hóspede pode usar a piscina à vontade. Noite de núpcias é outra opção: há duas semanas, por exemplo, dez casais passaram no Copa a sua primeira noite (oficial) juntos.

Mas muita gente vai ao hotel apenas para frequentar os restaurantes. Eu, por exemplo, sempre que posso, vou aos fins de tarde tomar um sorvete de pistache na pérgula. Entro sempre pela porta principal, giratória, viro à esquerda no corredor das butiques e desemboco na piscina, uma das visões mais glamourosas que conheço. Sai um pouquinho mais caro do que um sorvete comum. Mas é aquela velha história do anúncio de cartão de crédito: não tem preço. E, da próxima vez, estou pensando em pedir uma delícia que não está no cardápio: figos verdes com sorvete de baunilha e calda de pimenta. Era a sobremesa preferida de Jorginho Guinle.

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