São Paulo, domingo, 25 de julho de 2010

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FINA

A Espertinha

por FERNANDA EZABELLA, DE LOS ANGELES

Ellen Page, A adolescente grávida do longa indie "Juno", está ao lado de leonardo dicaprio no FILME sensação Deste VERÃO AMERIcANO, "A ORIGEM"

Ellen Page, 23, tem um pouco mais de 1,50 m e um jeito bastante sério de falar. Num quarto de hotel em Los Angeles, a atriz canadense pede chá e se aconchega num sofá. De repente, afunda e quase some no monte de almofadas, com pés para o alto mostrando as sapatilhas cinza.
"Ops, me segura", brinca. Page ficou conhecida pelo tom cômico de suas personagens, mas tem um lado sério que gosta de mostrar. "Sou muito interessada em sustentabilidade, em cultura agrícola, mudança climática. Leio muito sobre isso", diz. "Mas também patino, gosto de acampar, de fazer caminhadas e joguei muito futebol durante a adolescência."
O lado menina-moleque, que marcou sua atuação em "Juno" –filme independente/sensação de 2007, que revelou a roteirista americana Diablo Cody– e depois em "Garota Fantástica" (2009) ficou para trás. Agora ela é a mocinha inteligente do novo longa-metragem de ficção científica "A Origem", que vem sendo aclamado como o mais original do verão americano.
"A Origem" é uma criação de Christopher Nolan, autor dos filmes "Amnésia" e "Batman - O Cavaleiro das Trevas", e estrelado por Leonardo DiCaprio e Marion Cotillard, a francesa que ganhou o Oscar em 2008 por "Piaf".
Cotillard faz a mulher mis-
teriosa do personagem de 
DiCaprio, um invasor de sonhos em busca de segredos industriais. Já Page é a garota sabe-tudo que mantém o espião com os pés no chão e o ajuda a construir espaços virtuais na mente dos que sonham sem saber o perigo que correm. O visual inovador mantém o espectador grudado na cadeira do cinema.
Logo depois de "A Origem", Page emendou as filmagens de "Super", no qual faz uma he-
roína caseira, sem superpoderes. E, no momento, negocia um filme com o diretor francês Michel Gondry. "Vai ser um sonho realizado, eu amo Gondry", suspira.
A atriz conta que passa muito tempo em Los Angeles, mas ainda considera o Canadá a sua casa. Vive até hoje em Halifax, na Nova Scotia, onde nasceu. Hoje em dia, mora sem os pais, apenas com dois cachorros.
Page começou cedo, aos dez anos, e nunca mais parou. Antes da adolescente grávida de "Juno", trabalhou com diretores independentes e na TV canadense.
"Meus pais nunca me empurraram para nada. Ser atriz era uma idéia meio inconcebível na Nova Scotia. Não é como em Los Angeles", diz. "Mas acabei caindo nisso. Fiz um teste de brincadeira, fui escolhida para uma 
série, depois um filme, e foi indo, indo, indo."

Que tal viver a personagem mais esperta desse filme?
Foi ótimo fazer uma estudante com uma mente intelectualmente forte, decisiva. Fiquei muito animada com esse papel, é raro uma mulher tão jovem ser a mais inteligente de uma história.

Outros atores contaram que foi difícil entender o roteiro, alguns tiveram que ler mais de uma vez. E você?
Comigo foi rápido. É uma daquelas histórias que, quando você começa, parece confusa, porque é para ser confusa, mas, depois, você percebe como é pungente.

O filme brinca muito com ideias ligadas à arquitetura. Entende do assunto?
Nada, gostaria muito. Adoro a arquitetura voltada para o meio ambiente, que complementa e se mistura à natureza. Mas não tenho a capacidade matemática dos arquitetos.

Como constrói sua carreira? Onde gostaria de chegar?
Ai, cara, não penso em estratégias, sabe? Eu me sinto grata por poder escolher. Recebo muito material. Muitos atores não têm essa sorte.
Imagino que ter sido indicada para o Oscar (por "Juno") tenha ajudado.
Foi um presente enorme. Se 
"Juno" não tivesse acontecido, não sei se estaria em "A Origem". Ter esse sucesso, entre aspas, dá a chance de poder escolher. E tem aquela velha história de as pessoas não saberem seu nome e te reconhecerem na rua. É tudo novo, estou me acostumando.

Por que sucesso entre aspas? Acho que a ideia universal de sucesso não é a minha. Para mim, sucesso é aprender a ser honesto e estar presente. São coisas às quais presto atenção todos os dias. Não importa onde esteja, o que esteja fazendo ou sentindo, tento estar absolutamente presente em todos os momentos. Isso para mim é sucesso. Não ter montanhas de dinheiro.

Não tem vontade de fugir um pouco desses papéis recorrentes de garota-moleque ou menina-esperta?
Eu não me vejo como uma mulher sexy, gostosona. Ficaria desconfortável num papel assim. Para ser honesta, é algo que, por ora, não tenho vontade de explorar. Talvez um dia, sou muito aberta a mudanças. Mas sempre fui moleque, a vida toda. Eu me sinto feminina à minha maneira.

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