São Paulo, domingo, 25 de Setembro de 2011 |
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FINO O BIBLIOTECÁRIO DE BORGESpor Adriana Marcolini, de Buenos Aires Com uma loja especializada em primeiras edições de obras raras em Buenos Aires, o livreiro Alberto Casares fala das belezas de sua profissão quase extinta Na Argentina, onde as livrarias são tão populares quanto as farmácias no Brasil, uma se destaca. É a Alberto Casares, que fica na capital do país, Buenos Aires, ali na "calle" Suipacha, número 521, a dois quarteirões do famoso obelisco portenho. Entrar no lugar é como mergulhar em outro universo: o das obras literárias raras e muito desejadas. Especializada em primeiras edições de livros antigos, a casa é um espelho de seu proprietário, o livreiro que dá nome ao estabelecimento, Alberto Casares. Ele nasceu em 1943, em Montevidéu, mas se mudou para Buenos Aires muito jovem e considera-se argentino. Cresceu em uma família amante de livros e abriu sua loja em 1975. "Batizei-a com o meu nome porque sempre entendi a profissão de livreiro como algo pessoal. Gosto das livrarias nas quais esse profissional ainda existe." Para ele, a busca de um título é uma das tarefas mais fascinantes de sua profissão. "Podemos nos deparar com o que estamos procurando em outra livraria, em um leilão, na casa de uma família, em outro país ou até com um catador de restos de papel; o importante é carregar o livro na cabeça e no coração. Cedo ou tarde ele vem à tona", declara. "Não se pode afirmar que um título esteja fora de circulação; os livros não estão esgotados; estão escondidos." Entre as preciosidades encontradas por ele, há uma edição de "El Perro Andaluz", de Luis Buñuel e Salvador Dalí, publicada em 1947, com uma tiragem de 200 exemplares. As primeiras edições mais buscadas são de autores argentinos: José Hernández ("El Martín Fierro", 1872), Domingo Faustino Sarmiento ("Facundo", 1845), Ernesto Sábato, Adolfo Bioy Casares e Julio Cortázar, entre outros. Os livros de viagem, com gravuras e mapas, também despertam interesse. "Fervor de Buenos Aires", obra inaugural de Jorge Luis Borges (que, por sinal, escreveu textos clássicos sobre livros e bibliotecas), está à venda lá. Trata-se da primeira edição de 1923, com apenas 300 exemplares impressos e uma gravura de Norah Borges, irmã do escritor, na capa. Em novembro de 1985, Casares promoveu em sua livraria uma exposição só com primeiras edições de obras de Borges. O maior autor argentino, então com 86 anos, fez questão de comparecer para autografar alguns desses exemplares. No dia seguinte, embarcaria para a Europa. "Quando se despediu de mim, disse que iria morrer em Genebra", conta Casares. "Não acreditei, afinal, quem iria admitir que Borges não fosse imortal? Mas ele estava mesmo decidido a morrer em Genebra, uma cidade da qual guardava boas recordações." Foi o que aconteceu, sete meses depois. Um exemplar da primeira edição dos livros do escritor argentino chega a US$ 20 mil na livraria de Casares. Texto anterior: POP UP: Estrela Ruiz Leminski. A filha de Paulo Leminski e Alice Ruiz faz arte, por Chico Felitti |
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