São Paulo, domingo, 25 de Setembro de 2011

Próximo Texto | Índice

TERETETÉ

Traduzindo Scorsese

por Teté Ribeiro

O documentarista e escritor Richard Schickel, 78, é autor do livro "Conversas com Scorsese" (cosac naify) que será lançado durante a 35a Mostra de Cinema de São Paulo (21/10 a 3/11)

Martin é muito articulado, bem-humorado, fala muito e fala rápido. Mas começa a contar uma história e parte para outra, nunca esgota um assunto. Editar o Scorsese é mais difícil do que entrevistá-lo.

Não falamos muito sobre a vida pessoal, os casamentos dele e tal. Queria saber do cineasta, não do homem sensual que tenho certeza que ele deve ser (risos). Não era o meu interesse.

O livro tem muita informação sobre a história do cinema porque tanto eu quanto ele sabemos muito sobre o assunto. Eu sabia o que perguntar, ele sabia o que responder.

Já escrevi um livro sobre Clint Eastwood e agora escrevo um sobre Steven Spielberg. Cineastas me interessam.

Não gosto de fazer listas ou de comparar pessoas, não vou dizer quem é o melhor cineasta norte-americano. Isso não é coisa de quem leva o cinema a sério.

A história de o Scorsese querer ser padre na infância é superdimensionada. Ele se interessou pela igreja por um momento curto, os filmes sempre foram mais importantes. Mas ainda tem amigos padres.

Não gosto muito de "Caminhos Perigosos" ("Mean Streets", no original, de 1973). Foi o filme que chamou atenção para ele, mas "Touro Indomável" é sua obra-prima fundamental.

Gosto de quase todos os filmes dele, exceto dos dois últimos,"Ilha do Medo" (2010) e "Os Infiltrados" (2006), os maiores sucessos comerciais de sua carreira. Agradou à garotada e aos mais levianos.

Martin ganhou o Oscar por "Os Infiltrados", finalmente. Devia ter ganhado por "Touro Indomável", em 1981, mas o prêmio saiu para aquela besteira feita pelo Robert Redford, "Gente Como a Gente". Deve ter doído.

Ele teve três parcerias importantes, a primeira, com Harvey Keitel, depois com Robert de Niro e a atual, com Leonardo DiCaprio. Os dois últimos são estrelas que ajudam a trazer dinheiro para o filme e público para o cinema. Essas coisas não devem ser menosprezadas.

Scorsese ama fazer documentários, mas não perde muito tempo com isso. Tem um escritório cheio de gente trabalhando o dia todo, ele mesmo não fica na ilha de edição por causa de um documentário.

Agora ele vai lançar um documentário sobre George Harrison ,"Living in the Material World". Em 2008, lançou um sobre os Rolling Stones, "Shine a Light", e em 2005, um sobre Bob Dylan, "No Direction Home". Estou curioso para ver o que ele vai fazer com a cinebiografia do Frank Sinatra (prevista para 2013).

Texto anterior: FINO: Alberto Casares. Livreiro argentino resiste com obras raras, por Adriana Marcolini
Próximo Texto: DNA: Paulo José e família. Bel, Ana e Clara Kutner falam da influência do pai, por Paula Bianchi

Índice



Clique aqui Para deixar comentários e sugestões Para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É Proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou imPresso, sem autorização escrita da Folhapress.