FINA

O tesouro de Jade

por ALICE GRANATO

Um encontro em Barcelona com a filha única do casamento de Bianca e Mick Jagger, a designer de joias que aprendeu a desenhar com Andy Warhol

O tailleur Yves Saint Laurent branco que Bianca Jagger usou em 1971, em Saint Tropez, na Riviera Francesa, para se casar com o astro do rock e líder dos Rolling Stones, Mick Jagger, causou o maior frisson na época e, até hoje, é reeditado por grandes estilistas. A então modelo, nascida na Nicarágua, vestiu o blazer sem blusa por baixo, deixando parte dos seios à mostra. Mais tarde, após tantas indagações sobre sua roupa, Bianca declarou que não tinha colocado nada por baixo porque estava grávida de quatro meses e havia escolhido o tailleur no início da gestação. Pois foi desse casamento que nasceu Jade Sheena Jezebel Jagger, filha única do casal, hoje com 38 anos. Estilista e designer de joias, Jade é a pura tradução dos pais. Herdou, naturalmente, a boca de Mick Jagger. Mas tem também os traços sul-americanos marcantes da mãe.
Ao contrário de Mick, que ganhou fama de pé frio durante a Copa do Mundo, ela conta nesta conversa com Serafina, em um hotel na praia espanhola de Barceloneta, que torceu para a Espanha desde o início do mundial. "Fui totalmente Espanha, lógico! Sabia que a Inglaterra nunca teria chance de ganhar." Jade, que vive em Londres, estava na capital da Catalunha para lançar campanha do grupo Chic Outlet, que a nomeou consultora de moda e embaixadora do La Roca Village, um dos nove shoppings da marca na Europa.
A relação da designer com a Espanha é antiga. Ela morou em Ibiza e costuma passar o verão na ilha, quando aproveita para visitar Barcelona. "É uma das minhas cidades preferidas, ao lado de Londres e Mumbai [Índia]. Eu adoro esse espírito festivo que a cidade tem. Como fica perto do mar, Barcelona é leve, sexy e também cosmopolita."
Jade nasceu em Paris, cidade onde seus pais se conheceram, mas vive em Londres, onde abriu uma loja no ano passado, em Portobello Road. Sua linha de joias é artesanal, e suas peças são todas feitas com pedras preciosas. "Eu sempre gostei de trabalhos manuais", diz a designer, que afirma ter aprendido a desenhar com o artista Andy Warhol (1928-1987) ainda na infância. Segundo Jade, o ícone da pop art teria dito certa vez: "Eu adoro Mick e Bianca, mas a Jade está mais no meu universo. Eu a ensinei a pintar e ela me ensinou a jogar Banco Imobiliário." Ela tinha quatro anos, e ele, 44.]Antes de lançar sua coleção própria, apresentada na Paris Fashion Week em outubro de 2007, a designer assinava uma linha para a joalheria inglesa Asprey & Garrard.

A GRANDE FAMÍLIA
Mãe aos 19 anos, Jade vive com as duas filhas adolescentes, Amba e Assisi, e o marido, o DJ Dan Williams, que a acompanhou na viagem a Barcelona, fez um CD especial para a ocasião e discotecou na festa de lançamento da campanha que ela estrelava. Atenciosa e sorridente, Jade dançou ao som do marido e atendeu a todos que a abordaram. Ela própria já tocou como DJ nas noites da ilha de Ibiza, mas diz que hoje gosta apenas de curtir o som. "Quem toca e produz é ele, eu apenas aproveito", disse, rindo.
Sua relação com a música, contudo, está no sangue. Cresceu em estúdios, onde acompanhou momentos importantes ao lado do pai. "A lembrança que mais me marcou foi quando meu pai estava no estúdio com Bob Marley [1945-1981] e depois cantou com Peter Tosh [músico jamaicano, 1944-1987]. Eu devia ter uns seis anos. Essa imagem é muito forte, assim como a memória do meu pai cantando e tocando guitarra."
Jade já veio ao Brasil algumas vezes e diz que não se conforma de ter perdido o show dos Stones na praia de Copacabana, em 2006.Dos sete filhos de Mick Jagger, Jade é a segunda mais velha (depois de Karis Hunt Jagger). Ela tem três irmãos e três irmãs, fruto dos relacionamentos do pai com Marsha Hunt, Jerry Hall e Luciana Gimenez. Segundo Jade, seu relacionamento com o pai e os irmãos é ótimo. "São muitos, né? Mas a gente se encontra sempre, somos próximos." Sobre o irmão caçula, o brasileiro Lucas Jagger, 11, disse ter estado com ele recentemente em Paris e abriu um sorriso largo, típico dos Jagger, quando ouviu seu nome. É o DNA da família.

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