São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TERETETÉ

O tesouro de Jade

por TETÉ RIBEIRO, de LOS ANGELES

O ator e bonitão profissional Ben Affleck acerta a mão em seu segundo longa como diretor, "Atração Perigosa", que se passa em sua cidade natal, Boston, e tem ele mesmo no elenco principal

A entrevista acontece em um estúdio em Los Angeles, onde o diretor e o elenco principal (menos Rebecca Hall, que está filmando em Londres, onde mora) fazem as fotos de divulgação do filme e conversam todos juntos com a reportagem de Serafina. Jon Hamm é o primeiro na sala. De camiseta puída, calça preta e cabelo não engomado, quase não lembra Don Draper, seu personagem mais famoso, o publicitário genial e misterioso da série "Mad Men". No filme, ele é o agente do FBI Adam Frawley, que persegue a gangue de ladrões de bancos e carros-fortes liderada por Doug MacRay, personagem do diretor. O braço direito de Doug é James Coughlin, interpretado por Jeremy Renner (protagonista de "Guerra ao Terror"), que por sua vez é irmão de Krista Coughlin, vivida por Blake Lively. E, sim, ela é linda. Mesmo de jeans (justo, justo, justo) e camiseta branca (transparente e soltinha), a Gossip Girl e seu longo cabelo loiro roubam para si todas as atenções quando ela entra na sala, atrasada, comendo um cacho de uvas. Mas é com Ben Affleck que a conversa flui, seu elenco fazendo figuração VIP ao lado dele no sofá.

É mais fácil da segunda vez?
É menos aterrorizante, mas não muito, é um trabalho difícil. Ser ator também é, mas estou mais acostumado. Alguém me contou que o grande segredo para dirigir bem é escolher um bom elenco, e isso eu fiz. Tinha um bando de atores com os quais não precisava me preocupar, eles sabiam o que fazer. E também tinha para o que cortar se minha atuação não estivesse muito boa.

Por que quis contar essa história?
Primeiro, por causa de Boston, que, acho, sei mostrar no cinema. Depois, porque tem um tema que me é muito caro, o fato de os filhos pagarem pelos pecados dos pais. E é uma história de redenção, de como fazemos escolhas ruins mesmo quando temos as melhores intenções. Meu personagem é um cara que continua muito próximo das pessoas com quem ele cresceu, eu entendo isso, acho que tenho muitas coisas em comum com o personagem.

Como uma ex-namorada loira e linda, uma mulher morena e linda e um melhor amigo mais baixo que você?
Entre outras coisas. Mas quem tem 1,90 m de altura quase sempre tem amigos mais baixos, é uma sina.

O começo do filme dá a impressão de que o bairro onde a história se passa é quase um laboratório de roubo a bancos. Isso é real?
É bem real, mas não nesse momento. O bairro Charlestown, onde a história se passa, era bem daquele jeito em 1995, 1996. Os assaltos à mão armada eram quase uma epidemia. Hoje, não é mais assim, mudaram pes- soas mais jovens e com mais dinheiro e expulsaram os pobres para longe do centro, como acontece em quase todo o país. Quando reescrevi o roteiro baseei meu personagem e o do Jeremy Renner em dois assaltantes que fizeram um série de roubos a bancos e carros-fortes em 2005. Eles acabaram presos e eu os entrevistei na prisão.

Tem alguma cena no filme que aconteceu com eles?
Tem uma que é exatamente como eles me contaram. Não posso garantir que aconteceu, mas juro que me contaram como está no filme. Os assaltantes acabam de fazer um roubo, saem do carro ainda com as máscaras e emparelham com um carro da polícia, e o policial finge que não os vê.

Você usa uma prisão de segurança máxima como cenário. Por quê?
Porque a cena se passa em uma, e essa estava pronta. E porque me deixaram filmar. Isso ajuda muito os atores. Sentir que aquilo é real. Eu não sou muito criativo para escrever diálogos, prefiro basear tudo em coisas que ouvi na vida real.

Esse é seu segundo filme baseado em um livro. E você ganhou um Oscar como roteirista em seu primeiro roteiro. Por que não escreve uma história?
Porque dirigir um filme é um projeto imenso, e sair de um livro te dá muito mais estrutura. O que acontece está lá, os personagens estão lá, é daquele universo que vai sair. A dificuldade é comprimir tudo em um filme. Se você filmar um livro inteiro dá umas sete horas, algo assim. Quanto a escrever outro roteiro, bem, aquela era uma época em que tudo que eu tinha era tempo livre e ambição. As coisas mudaram...

Texto Anterior: FINA: Jade Jagger. Bate-papo com uma das filhas de Mick Jagger, por Alice Granato
Próximo Texto: FINO: Pedro Lourenço. Rebento de Reinaldo Lourenço, filho de peixe, peixinho é, por Pedro Lourenço
Índice



Clique aqui Para deixar comentários e sugestões Para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É Proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou imPresso, sem autorização escrita da Folhapress.