São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

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RECORTE V

Em carne viva

por VIVIAN WHITEMAN

A vida da bailarina brasileira Roberta Marquez no Royal Ballet em Londres

E Lady Gaga está causando intriga e bate-boca entre os fashionistas. Recebo notícias de uma informante "insider’ paulistana, no melhor estilo "Gossip Girl", sobre uma discussão acalorada em um reduto de modernosos. "Vestido de carne? É de um mau gosto, de uma futilidade e de uma crueldade!", disparou a fashionista "verde". "Ai, desculpa, mas a senhora perdeu a ousadia, querida", retrucou o amigo. Amizades ficaram abaladas sobre os saltos Louboutin.
Não que o vestido de carne que a cantora usou no MTV Video Music Awards há 15 dias, feito pelo designer Franc Fernandez, seja digno de palmas. Carne, pele, osso, a história é antiga. Uns aplaudem, o Peta abomina, e nada de novo acontece.
A questão é que o discurso ecofashion é mesmo difícil de engolir por um motivo simples: seus defensores não estão dispostos a ir às últimas consequências. Não estão dispostos de fato a banir, além da indústria de peles, a dos diamantes (que já causou milhares de mortes na África), a do trabalho escravo que alimenta do fast fashion à indústria do luxo e, por fim, a própria engrenagem capitalista que, no fim das contas, explora e dá as cartas de todo o mercado de moda –incluindo megalucrativos produtos "sustentáveis". Por trás desse conto verde, tem muita carne sacrificada.

Salada remix

Duas modinhas, uma salada: de fruta com bicho. Depois do desfile de Marc Jacobs, as modernas só falam no look "juba de leão" (na foto, a top Suvi Koponen no backstage de Marc Jacobs), um cabelo super armado e crespo que é uma mistura de Caetano tropicalista, Cher e Dee Sider, vocalista da banda oitentista Twisted Sister. Já a editora da "Vogue" japonesa, Anna dello Russo, é a nova mulher-fruta: depois de aparecer em Londres com um enfeite de melancia na cabeça, ela foi ao desfile da Gucci, em Milão, com um arranjo de cerejas gigantes no cabelo.

Momento juma

O inverno no hemisfério Norte vai ser o reino de Juma Marruá, a personagem da novela "Pantanal" que virava onça pintada. A estampa de onça está em todas as vitrines e apareceu em peso na plateia das fashion weeks. Nos EUA e na Europa, a "oncinha" brasileira é chamada de "leopard print", ou seja, estampa de leopardo (apesar de serem dois bichos diferentes, a pelagem é muito similar). E, também para desespero do Peta, muitas ricaças estão comprando peças de pele verdadeira. Nos anos 1960, graças à moda do casaco de leopardo lançada por Jackie
Kennedy, 250 mil felinos viraram roupa. Na foto, a atriz Chloë Sevigny e seu look cheio de pinta.

RODÍZIO completo

A atriz Kate Walsh (foto à esq.), protagonista da série "Private Practice", também aderiu à onda da "cuisine couture". Inspirada pelo look churrasquinho de Lady Gaga, ela apareceu no programa de entrevistas "Tonight Show" em um vestido enfeitado com iguarias da culinária japonesa. Impossível não se lembrar daqueles anúncios infames de degustações de sushi erótico. E a ideia nem é original: a cantora Kate Perry se apresentou com um modelito japa-comestível em 2009, no MTV Music Awards Japão.

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