São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2011

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TERETETÉ

"James Franco é um blefe"

por TETÈ RIBEIRO

O crítico Rubens Ewald Filho comenta o Oscar 2011 ao vivo pela 26ª vez, e já tem um favorito, pelo menos entre os apresentadores: "Anne Hathaway é uma estrela"

O Oscar é justo? Não, é muito injusto. Mas é honesto, não existe comprar um prêmio. Não é como um júri de festival, que decide junto quem premiar. Conheço histórias escabrosas de júris de decidem dar o prêmio para o amigo do prefeito, ou do diretor do festival, é uma bandalheira.

Qual o grande filme do ano passado? 2010 foi horrível. Só as animações se salvaram. "Meu Malvado Favorito", "Como Treinar o seu Dragão", "O Mágico" são ótimos. "Toy Story 3" é uma obra-prima. Agora, pertinho do Oscar, veio uma safra de filmes bons, mas de cortar os pulsos de tão deprimentes, como "Inverno da Alma", "Biutiful". Acho que decidiram levar as pessoas ao suicídio.

O que acha dos favoritos, "A Rede Social" e "O Discurso do Rei" ? "A Rede Social" é uma história atual, faz o louvor da desonestidade, do egoísmo, da falta de ética, e é o queridinho da crítica. "O Discurso do Rei" é o oposto, uma história sensível, construtiva, honesta. Eu gosto muito, mas a crítica odeia.

Para qual você daria o Oscar? Gostei muito de "O Lutador". Adoro aquela mãe, aquelas filhas. O Christian Bale começa exagerado mas vai aos poucos humanizando o personagem. Acho uma evolução do cinema americano.

E os filmes brasileiros? Estou animadinho, gostei de vários esse ano. Amei "Tropa de Elite 2", adorei "Antes que o Mundo Acabe", e gostei muito daquele que tem um título de merda, "Os Famosos e os Duendes da Morte".

Gostou da escolha dos apresentadores? Adoro a Anne Hathaway, é uma estrela. Mas James Franco é um blefe. Não canta, não dança, não é engraçado. Não está bem nem em "127 Horas", um ótimo filme, por sinal.

Suas críticas estão cada vez mais pessoais, não? Sempre quis ser entendido. Agora me dou umas liberdades mesmo, às vezes falo 'estou velho, não aguento mais ver um filme inteiro com a câmera parada'. Por que não?

Você tem dirigido peças. Está trocando o cinema pelo teatro? Não, porque foi onde comecei, como ator em um grupo amador de Santos junto com o Ney Latorraca. Eu era o cara do cinema no teatro. Sou apaixonado por dramaturgia, mas demorou para eu ter coragem de dirigir.

Prefere se relacionar com pessoas de teatro ou de cinema? Sempre andei com gente de teatro. Outro dia estava em Paulínia com o Lázaro Ramos, a Taís Araújo e o Paulo Betti e a gente ficou trocando informações sobre livros, filmes, foi uma noite interessantíssima, fértil de ideias. Quando saio com o pessoal de cinema eles só falam de lei, dinheiro, patrocínio, nada disso me interessa. Eles não assistem a nada, não discutem estética do cinema, é uma chatice.

Tem vontade de dirigir um filme? Não. Acho eticamente complicado. Acredito que saberia fazer, porque o conhecimento técnico a gente acaba acumulando. Mas é coisa para jovens, tem que ter muita energia, é muito cansativo. Fora isso, se eu errar em uma peça ninguém fica sabendo, tiro de cartaz depois de dois dias e digo que não fui eu, foi aquele Rubens Rewald (risos).


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