São Paulo, domingo, 27 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bagagem

O refúgio de luxo de Salvatore Cacciola

Os requintes do hotel-butique que o ex-banqueiro abriu a 500 m do Coliseu, depois de protagonizar um dos maiores escândalos financeiros do Brasil

por Eliane Trindade, de Roma

A fachada discreta pouco lembra a de um hotel. é uma daquelas construções típicas do período fascista, quando a Itália viu surgir uma arquitetura de traços duros e sem adornos, tão em contraste com a opulência de outras eras. O Forty Seven, que tem como nome o próprio número 47 da via Luigi Petroselli, no coração de Roma, não é um hotel qualquer. Distingue-se dos concorrentes pelo seu estilo "clean".

Para os brasileiros, o local reserva outro diferencial. "O dono também é do Brasil", informa Pietro, o recepcionista. "Qual é o nome dele?", pergunta a repórter, já sabendo a resposta. "Salvatore Cacciola", diz, sem maiores explicações.

O hotel é o atual empreendimento do ex-banqueiro, protagonista de um escândalo financeiro que, em 1999, resultou em um rombo de R$ 1,6 bilhão (valor da época) ao Banco Central.

Cacciola se refugiou na Itália, onde nasceu, após conseguir um habeas corpus, em 2000. Oito anos depois, ele aguarda preso em Mônaco (até o fechamento desta edição, no dia 24) o desfecho do processo extradição. A Justiça monegasca decidiu em 16 de abril entregá-lo às autoridades brasileiras, mas a defesa do ex-banqueiro vai recorrer da decisão.

Longe da pendência judicial, o dia-a-dia do Forty Seven segue como em outros hotéis da mesma categoria. Trata-se de um quatro estrelas que se encaixa na definição de hotel-butique. As diárias oscilam entre 295 e 600 euros.

Da janela do apartamento 408 tem-se uma bela visão, a 50 m está a Bocca Della Veritá e, a 500 m, o Coliseu. Bem em frente, estão duas das mais bem preservadas ruínas da Roma pagã: o arco de Juno e o templo de Vesta. O Fórum Romano e o Circo Máximo também ficam a dois passos.

Desde setembro do ano passado, é o filho mais velho de Cacciola, Fabrício, 36, quem administra o hotel. Fabrício é uma versão 30 anos mais jovem do pai. Tem o mesmo porte e as mesmas entradas na testa. é educado, mas distante. "No momento, não tenho nenhum interesse em falar com a imprensa brasileira", diz.

Carregador de mala

Antes de cair nas garras da Interpol, Cacciola dedicava-se pessoalmente ao negócio. Um cliente brasileiro testemunhou o ex-banqueiro carregando malas de hóspedes até o quarto.

O quarto, mesmo o mais básico, é de bom tamanho, com móveis em estilo art decô, mesclados a peças de design contemporâneo, como as luminárias e a mesinha de canto. O menu de serviços do Forty Seven é de um cinco estrelas: "fitness center", banho turco, massagens, aluguel de limusine e baby-sitter. Por esses e outros cuidados, o hotel de Cacciola foi eleito um dos melhores do mundo pelo Trip Advisor Traveler's Choice em 2006.

Texto Anterior: DONOS DA NOITE: Balada no Rio, por Paulo Sampaio
Próximo Texto: OUTRO LADO: Daniel Klajmic, por Renata Simões
Índice



Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.