São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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PASSAGEM

Saint-Tropez

por ELIANE TRINDADE

Terra do Nunca

O balneário no Sul da França QUE CONJUGA HEDONISMO E EXCLUSIVIDADE SEDUZ A realeza, bilionários
e OUTROS ENCANTADOS há MUITOS VERÕES
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As malas nas esteiras do aeroporto de Nice, na Riviera Francesa, são um bom indício de que se está chegando ao paraíso dos milionários em férias. O logotipo da Louis Vuitton aparece em novíssimos conjuntos dos novos-ricos e também em antigos baús, escurecidos pelo tempo, dos aristocratas.

O destino de todos é Saint-Tropez. As areias brancas e o agito construído em torno do mar turquesa que deu fama à Côte d'Azur continuam a ser parada obrigatória para endinheirados em julho, o auge do verão europeu.

É uma turma que se desloca de porto em porto em busca de prazeres caros. Antes ou depois de passar por Ibiza (Espanha) e pela Sardenha ou Capri (na Itália), jet-setters, membros da realeza e astros de brilho variado reservam a última semana do mês para o point que é sucesso desde os tempos de Brigitte Bardot. Entenda em cinco tópicos o que faz o glamour de Saint-Tropez há muitos verões.

Fuso horário de férias

Saint-Tropez tem fuso horário próprio. O café da manhã é servido perto do meio-dia, quando os menos preguiçosos começam a acordar, depois de uma noite pródiga em badalação. O "petit-déjeuner" é saboreado à borda da piscina. Lá pelas 15h, os clubes na praia estão lotados. Almoça-se ou se faz um lanche por ali mesmo.

Os mais jovens reservam o final da tarde para o Nikki Beach, clube praiano onde se pode curtir uma baladinha de aquecimento. O sol vai se pôr após as 21h. É o momento de fazer uma parada para recarregar as baterias. Lá pelas 22h30, as mesas dos badalados restaurantes do porto, como o Joseph, ou nas simpáticas vielas, como o Au Caprice des Deux, vão sendo ocupadas por grupos de amigos. De lá, a turma vai acabar a noite em alguma festa privé, na mansão ou no iate de algum bilionário, ou na boate Les Caves du Roi. Sete dias por semana.

Who is Who

Na última semana de julho, Saint-Tropez se torna o paraíso dos paparazzi. As lentes dos fotógrafos de celebridades vão encontrar ali os lindos e descolados filhos da princesa Caroline de Mônaco. Charlotte e o namorado brasileiro Alex Dellal costumam bater perna de Havaianas na região do porto. A atriz Uma Thurman também desfila pelas charmosas ruas, cheias de lojinhas, com o noivo suíço, Arpad Busson, a tiracolo, usando batas no estilo hippie-chic.

Uma trupe de brasileiros faz as malas a cada verão para curtir pelo menos dez dias de "dolce far niente" na Côte d'Azur. São habitués os estilistas Lenny Niemeyer e Tufi Duek. Nesta temporada, o publicitário Nizan Guanaes e a mulher, Donata Meirelles, perfilaram seu iate entre as mansões flutuantes do porto. "Depois da Córsega e da Sardenha, paramos em Saint-Tropez", conta Donata. "Fomos ao Le Club 55, pois adoramos a comida e a mistura de gente."

Sem falar na apresentadora Glória Maria, em período sabático, longe da Rede Globo, que ostenta há três anos o título de cidadã saint-tropezienne. "Aqui todo mundo é celebridade", diz a ex-apresentadora do "Fantástico".

Sofisticação na areia

Nem tente se esparramar, sem prévia reserva, em uma das barracas cobertas de palha seca do Le Club 55, se você não for Tom Cruise ou a rainha Silvia, da Suécia. Sua majestade bateu ponto no pedaço de areia mais badalado e exclusivo de Saint-Tropez no início de julho. Astros de Hollywood como Denzel Washington e Penelope Cruz também costumam colocar o bronzeado em dia por lá.

Aos simples mortais que se aventuram pelo clube e seu lounge, que mais parece uma sala de estar à beira-mar, restam os guarda-sóis alugados por 25 euros (cerca de R$ 60) por pessoa.

Os funcionários se vestem de branco e são onipresentes para satisfazer os caprichos de uma clientela de belos e famosos que aproveita a brisa do Mediterrâneo. Naquele território delimitado por estacas de madeira e cercas vivas, as mulheres desfilam com seus maiôs sofisticados ou de topless. Não dispensam baforadas de água termal no rosto.

Não muito distante dali, e no mesmo esquema privé, o Le Palmier é o clube escolhido por Naomi Campbell para almoçar no final de tarde com o namorado russo Vladimir Doronin. Deliciam-se com pratos à base de frutos do mar -uma massa custa 60 euros (cerca de R$ 150)-, enquanto uma linda modelo faz paradinhas entre as mesas para exibir roupas e acessórios de grifes como Dior, Chanel e Valentino, vendidos na lojinha anexa.

A vida é uma festa

Roupas brancas não podem faltar na mala de quem desembarca em Saint-Tropez. Festas com o mote "Les nuits blanches" são praxe ao longo de todo o verão.

Uma tradição que teve anfi-triões lendários, como o produtor Eddie Barclay, na década de 80, e que hoje é mantida por bilionários, como o alemão Günther Sachs, um dos ex-maridos de Brigitte Bardot, e o francês Tony Murray, que na última sexta-feira, 25, abriu sua "villa" para uma megafesta cigana.

Quem não está na lista VIP das festas mais quentes da temporada pode exibir o bronzeado a bordo de um look branco na boate Les Caves du Roi, localizada no charmoso hotel Byblos. Não se paga para entrar. O passaporte é ser alguém ou estar na companhia de algum VIP, ou ainda ter o visual aprovado por um dos belos leões-de-chácara postados na entrada.

Lá dentro, o nightclub é uma babel onde falas em francês, italiano e inglês são entrecortadas por diálogos em alemão, russo e também português. É enorme a concentração de gente bonita, que se joga ao som do DJ Jack, apaixonado por música brasileira.

LOUCURAS de verão

Além de fôlego, a sofisticação de Saint-Tropez é para quem está disposto a pagar por prazeres caros, como brindar com champanhe Cristal Mathusalen, ao custo de 30 mil euros (cerca de R$ 75.600) a garrafa. Ou ainda se banhar sob o spray de uma não menos nobre Magnum Dom Pérignon.

É clássica a cena de fim de noite nas boates locais: banhos de champanhe, enquanto beldades se exibem sobre as mesas em danças sexy, tanto no Les Caves du Roi quanto nas mesas do La Voile Rouge (o preferido do rapper P. Diddy), outro clube onde os hedonistas em férias exibem suas extravagâncias.

O preço de tais prazeres é inflacionadíssimo. Bebidas são proibitivas para turistas remediados. Beber no Spoon at Byblos é desembolsar 19 euros (R$ 47) por um drinque sem álcool. Uma simples Coca-Cola custa 10 euros (R$ 25). Nem o ar é de graça. Localizado em uma estratégica esquina do vilarejo, o Bar Oxygen oferece 10 minutos de puro O2, em narguilés, por 6 euros (cerca de R$ 15) por cabeça. Dinheiro, definitivamente, não está entre as preocupações dos visitantes de Saint-Tropez. Afinal, na Terra do Nunca tudo é possível e ninguém precisa crescer.

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