São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010

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TERETETÉ

Fogueira das vaidades literárias

por TETÉ RIBEIRO

O  romance "Se eu fechar os olhos agora", de Edney Silvestre, da TV Globo, provocou uma guerra entre a Record, que o publicou, e a companhia das letras. O pivô é o prêmio Jabuti, que elegeu "Se Eu Fechar..." o melhor romance do ano, mas deu a "Leite Derramado", de Chico Buarque, lançado pela companhia, o prêmio de livro do ano, Apesar de o título ter ficado em segundo lugar na categoria em que Edney venceu

Quanta confusão causou seu primeiro romance, não?
É o primeiro lançado, tenho um outro inédito ainda não publicado, escrito há mais de 20 anos, chamado "Babilônia". Foi rejeitado duas vezes, foi muito desagradável. Eu era mais jovem, fiquei muito marcado por isso.

"Se Eu Fechar os Olhos Agora" é muito ambicioso...
É sim. Não valia a pena escrever um livro qualquer. Tem muito livro no mundo, e eu faço programa de literatura, lido com gente brilhante, leio livros extraordinários. Por vaidade não faria sentido, já estou na televisão, as pessoas me reconhecem.

Imaginou que ganharia o Jabuti de livro do ano, o mais importante da noite, quando soube que ganhou o prêmio de melhor romance?
Sou amigo do Cristóvão Tezza (autor de "O Filho Eterno", de 2008), com quem aconteceu a mesma coisa dois anos atrás. Ele ganhou montes de prêmios, e o Jabuti saiu para o infantil do Ignácio de Loyola Brandão, "O Menino Que Vendia Palavras". Um livro lindo, por sinal, mas foi inesperado. Sabia que poderia acontecer.

Ficou surpreso com a reação do Sérgio Machado, dono da editora Record?
Ele anunciou que não vai mais inscrever seus livros no prêmio se não mudarem as regras. Achei corajoso e me senti protegido como autor. Essas críticas ao Jabuti já eram feitas antes de eu publicar meu livro, sempre em off. Ele as trouxe para a frente da discussão.

Seu próximo livro será lançado pela Record?
Provavelmente.

Vai querer inscrevê-lo no prêmio Jabuti, mesmo sem o apoio da editora?
Eu, por solidariedade ao que a editora fez comigo, não me sentiria à vontade para me inscrever. Acredito que o prêmio vai rever as regras, não são claras.

Leu "Leite Derramado"?
Não. Ainda bem, assim não tenho que opinar. Está na minha lista. Sempre deixo para ler os livros dos autores que gostaria de entrevistar perto de a entrevista acontecer, e como tinha a esperança de entrevistar o Chico, deixei ele lá, esperando a hora. Não aconteceu.

Ainda vai tentar entrevistá-lo? Seria interessantíssimo, não?
Eu adoraria.

Leu os outros livros dele?
Alguns. Fui criado com as músicas do Chico Buarque, ele marcou minha adolescência, minha juventude. Mas não posso dizer que sinto a mesma paixão pelos seus livros que sinto pelas suas músicas.

Uma revista chama o Chico de sambista e o livro dele de enredo. E você foi chamado de apresentador de TV. Ficou magoado?
Não sou só isso, mas tudo bem. Que coisa... Nem o Chico Buarque nem o Luiz Schwarcz precisam disso. Queria ter feito o que o Chico fez, ele foi para Paris, ficou longe de tudo. E eu estou indo para o subúrbio do Rio fazer minhas reportagens (risos).

O que espera para o seu livro daqui para frente?
Tenho duas boas notícias, vai ser lançado na França em 2012 e em Portugal no ano que vem.

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