São Paulo, domingo, 29 de março de 2009

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DESENHO

na sala com Obama

SÉRGIO DÁVILA, de Washington

Maior do que eu imaginava. Maior do que os filmes nos fazem imaginar. Mais dourada. Mais bege. Com pelo menos uma "porta secreta". Silenciosa. Com vidros à prova de bala. Impessoal. Lotada, pelo menos nos cerca de 40 minutos que passei dentro. Do momento que eu saí de lá, após o encontro entre Barack Obama e Luiz Inácio Lula da Silva, no último dia 15, até agora, a pergunta que mais ouvi foi: "Como é o Salão Oval por dentro?" Veja abaixo um roteirinho da visita.

NA "ANTESALA"

Depois de passarmos pela segurança, o destino é a sala de imprensa Brady, aquela na qual o porta-voz da Casa Branca fala todos os dias. Reformada, mas claustrofóbica, tem 49 poltronas azuis e um púlpito. Nós, os 13 jornalistas brasileiros, ficamos conversando com o pessoal do cerimonial e só encontramos os 13 "rivais" (os colegas americanos) momentos antes de irmos para o Salão Oval. Ali, cada "lado" poderia fazer só duas perguntas.

NO CORREDOR

A tropa toda é levada para o corredor que ladeia o Rose Garden e vai dar na porta do salão. No caminho, uma das chefes do protocolo reclama. Todos os funcionários políticos da gestão anterior foram embora, ela diz, e os novos ainda não chegaram: "Somos eu e mais três para lidar com todos os aspectos das visitas dos líderes estrangeiros". Daí a caixa de DVD dadas a Gordon Brown, considerada um presente de mau gosto pelos britânicos, e outras gafes cometidas pelo cerimonial obamista.

O SALÃO OVAL

O convidado (Lula) senta à esquerda de quem entra, o anfitrião (Obama), à direita-não é uma regra, mas é assim hoje. À frente dos dois e aos lados, fazendo um U, os jornalistas. Atrás da base do U, a mesa presidencial, a mesma usada por JFK. No aparador dela, perto da janela que você vê ao fundo nos pronunciamentos, fotos de Michelle, Sasha e Malia. Há dois bustos -Abraham Lincoln (1809-65), que substituiu Winston Churchill (1874-1965), no primeiro incidente diplomático obamista, e Martin Luther King (1929-68). Tento filmar o resto, e um segurança me impede. Só se pode filmar os dois, diz. À minha direita, uma "porta secreta" (disfarçada pela parede curva) se abre, e dela sai James Jones, o conselheiro de Segurança Nacional. Que mais? Na mesa de trabalho, o gancho do telefone tem fio, daqueles antigos. Imagino que seja medida de segurança. Os livros das duas estantes me parecem falsos, de fachada.

NA SAÍDA

Quase 40 minutos depois, o dobro de tempo previsto, somos banidos do lugar. De novo pelo corredor e, agora, do outro lado, em frente ao jardim das rosas, onde os presidentes gostam de dar entrevistas coletivas quando o clima é bom. Faz frio, não há rosas nem coletiva. Atrás de nós, a ala residencial, onde Michelle e as crianças esperam Obama sair do escritório e vir passar o dia de folga com elas, como combinado.

NO PARQUINHO DELAS

Logo, Obama e Lula saem. Com o tradutor oficial do brasileiro, Sérgio Xavier Ferreira, os dois seguem até a limusine. Obama fala para Lula se cuidar, diz que o vê em Londres logo mais. Acabou. Sobram o presidente dos EUA e o "primeiro-parquinho", que ele e Michelle compraram para as filhas. Tem balanço, escorregador, casinha. Mandou instalar ali para ver da janela as filhas brincarem depois da escola, enquanto ele sua a camisa no Salão Oval.

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