São Paulo, domingo, 29 de novembro de 2009

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MODA

A estilista Adriana Degreas vai da piscina à praia

por ALCINO LEITE NETO

MODA PISCINA

Preferida das milionárias brasileiras, a estilista de maiôs e biquínis Adriana Degreas lança nova marca, a Bain Hotel 33

Na nomenclatura fashion, as marcas de biquínis e maiôs são classifi cadas genericamente como grifes de "moda praia". No caso de Adriana Degreas, porém, é mais correto falar em "moda piscina". Será muito difícil encontrar alguém com uma peça criada pela estilista no vasto litoral brasileiro. "Não vendo biquínis para serem usados em Ipanema. Quem compra minhas criações não vai à praia", diz Adriana.

E por que não vai, se é tão bom? "Simplesmente, esse hábito não faz parte do universo cultural da minha cliente", explica. Adriana também prefere não participar de semanas de moda –uma de suas raras apresentações foi no Rio Summer, em 2008. "Minha cliente não quer usar roupa que foi muito exposta em desfiles. Seu mundo não é o de 'Caras'. É um universo mais discreto." Para se ter uma ideia de que clientes ela está falando, basta citar algumas delas –nomes que Adriana não revela, mas Serafi na descobriu: Shella Safra, Cristiana Neves da Rocha, Lucília Diniz, Carmen Mayrink Veiga, Gisella Amaral... Portanto, da próxima vez, é melhor procurar pelas criações da estilista na piscina do Copacabana Palace.

NOSTALGIA E OUSADIA
A "moda piscina" da grife Adriana Degreas tem suas referências fortes na alta costura e no "beachwear" usado pelo jet set internacional entre os anos 50 e 70. Para não se afogar na nostalgia, a estilista recorre a um design ousado, por vezes experimental. O resultado são peças requintadas, entre o clássico e o contemporâneo, o consagrado e o vanguardista.

Não são roupas feitas para qualquer mulher, alerta a estilista. "Não crio para garotas, mas para mulheres maduras, bem resolvidas e muito ricas", diz. "Eu não sou do mesmo mundo social dessas clientes, mas sei o que elas desejam." Adriana, 38, é descendente de imigrantes italianos. Nasceu Schiavone, fi lha de um engenheiro, e ganhou o sobrenome Degreas do marido, Cesar, um industrial de origem grega. Formada em desenho industrial, ela não pensava em
lidar com roupas. "Não fui criada para trabalhar, mas para ser submissa e ter filhos", desabafa. Acabou, no entanto, se envolvendo na indústria da família do marido, a Beira Mar, pioneira da moda praia no Brasil.

Aprendeu os segredos da fabricação de maiôs e biquínis e também começou a se interessar pela moda. Em 2001, decidiu abrir sua própria fábrica e criar a grife Blue Girls. Dois anos depois, extinguiu a marca e lançou a que leva o seu próprio nome.

Se dependesse só dela, bastava continuar com a grife Adriana Degreas, uma única loja no país (nos Jardins), um espaço de vendas na Daslu e a pequena, mas próspera, clientela. O sucesso de seu design, no entanto, está empurrando a estilista para mais longe.

Suas exportações aumentaram 30% no último ano, sobretudo para os países árabes. E há três meses lançou uma segunda marca, Bain Hotel 33, voltada para jovens e com preços mais acessíveis –entre R$ 160 e R$ 450, enquanto na grife Adriana Degreas, os preços vão de R$ 300 a R$ 900. A primeira loja da Bain Hotel 33 foi inaugurada em agosto no shopping Anália Franco, no Tatuapé. Mas quem pensa que a estilista decidiu com a nova marca se afastar do mundo dos ricos, está enganado.

Sem preconceitos e com bom faro para o futuro, ela apenas resolveu acrescentar, aos milionários tradicionais que formam sua clientela nos Jardins, os donos de novas e florescentes fortunas que vivem na zona leste paulista. Estes, com certeza, vão adorar ir à praia com os biquínis criados por Adriana Degreas.

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