São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

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FINA POR Adriana Maximiliano

A outra mulher forte na vida de Barack Obama, por Valerie Jarrett

por VALERIE JARRET

SEGUNDA DAMA

Amiga do casal Obama há 18 anos, a conselheira sênior do presidente americano já foi chamada de "a versão feminina de Barack"

Mulher, negra e mãe solteira. Valerie Bowman Jarrett, 52, é tudo isso, mas e daí? Conselheira sênior e melhor amiga do presidente americano, Barack Obama, ela não perde tempo divagando sobre as mazelas da vida. Na realidade, Valerie não sofreu grandes aflições. Vem de uma família de acadêmicos bem-sucedidos, estudou nas melhores escolas americanas e não teme manobras arriscadas. No início deste ano, por exemplo, trocou um faturamento anual de mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 1,9 milhão) em Chicago para estrear em Washington ganhando dez vezes menos. Apesar de ainda parecer uma estranha no ninho do poder, Valerie vem se destacando como a conselheira número um do presidente, para despeito dos gaviões brancos.

Não é só. Já foi chamada de "a arma secreta de Barack", "olhos e ouvidos de Obama" e "a versão feminina de Barack" em reportagens de veículos como a revista do "New York Times" e a "Vogue America". Além de ser a única mulher entre os três consultores sêniors (David Axelrod, Pete Rouse e ela), Valerie acumula duas outras funções na Casa Branca: assistente para assuntos intergovernamentais e compomissos públicos e presidente do Conselho para Mulheres e Meninas, órgão criado por Obama há menos de seis meses.

A amizade com o casal presidencial começou há 18 anos, mas ela já era "genial" muito antes disso –pelo menos, é o que garante sua mãe, a expert em educação infantil Barbara Bowman, 81. "Aos três anos, Valerie já lia e escrevia em inglês e era fluente em inglês e persa. Depois, aprendeu francês. Ela foi uma criança maravilhosa, fácil de criar. Eu sabia que minha filha seria bem-sucedida, só não imaginava que seria na vida pública", disse Barbara à Serafina.

Apesar da idade avançada, Barbara ainda trabalha como diretora de educação pré-escolar das escolas públicas de Chicago. Já o pai de Valerie, o médico geneticista e patologista James Bowman, 86, é professor da Universidade de Chicago. Em função da carreira dele, Valerie teve uma infância incomum.

Em 1955, Bowman entrou para um programa que enviava médicos americanos para países em desenvolvimento. Ele e Barbara foram morar em Shiraz, no sudoeste do Irã. Valerie nasceu no ano seguinte, no Hospital Nemazee, onde seu pai trabalhava. Depois de seis anos no Irã, Bowman ganhou uma bolsa de estudos em Londres e levou a mulher e a filha com ele. Em 1963, a família voltou para Chicago.

Numa edição da "Chicago Tribune Magazine", no ano passado, Valerie contou que os iranianos, em geral de pele mais escura do que ela, não a viam como uma afro-americana, mas simplesmente como uma americana: "Eu não tive consciência de raça até me mudar para os Estados Unidos". Seus pais, no entanto, nunca tentaram poupá-la. "Eles me disseram muitas vezes que, por eu ser negra e mulher, devia trabalhar duas vezes mais do que os outros. E não lamentaram a injustiça. Admitiram que era injusto, mas também um fato da vida. Acreditavam que a situação seria benéfica para mim, porque, ao trabalhar mais, aprende-se mais", declarou Valerie à mesma revista.

Chefe de Michelle

A descoberta tardia do racismo foi uma das afinidades que ela descobriu ter com Obama. Ao conhecê-la, em 1991, ele contou que só se sentiu discriminado ao se mudar para Los Angeles, aos 18, depois de viver na Indonésia e no Havaí.

Valerie foi apresentada ao futuro presidente pela então noiva dele, Michelle. Na época, ela trabalhava em um escritório de advocacia e estava em busca de um novo emprego. A conselheira era vice na chefia do gabinete do prefeito de Chicago, Richard M. Daley. As duas se identificaram imediatamente. Assim como acontecera com Valerie, Michelle estava infeliz e queria trocar a firma pelo cenário político. Ela ganhou o emprego e a simpatia da chefe. Na semana seguinte, o casal e a nova amiga jantaram juntos.

Valerie se tornou amiga íntima da família, viu o casamento dos Obama, fez uma festa de lançamento para o primeiro livro dele, foi a presidente do comitê de finanças nas eleições para o Senado e a conselheira extra-oficial e não-remunerada na eleição para presidente. "Ela é uma pessoa em quem confio plenamente. Valerie combina a proximidade de um membro da família com o esclarecimento e objetividade de uma especialista em políticas públicas", disse Obama à revista do "New York Times" no mês passado. Assim como Barack e Michelle Obama, Valerie Jarrett se formou em universidades de prestígio –cursou psicologia na Universidade de Stanford e direito na Universidade de Chicago.

Mãe solteira

Nas relações afetivas, Valerie não tem sido tão afortunada quanto seus pais, juntos há mais de 50 anos. O casamento com o amigo de infância e primeiro namorado, o médico William Robert Jarrett, durou apenas quatro anos, de 1983 a 1987. Eles tiveram uma filha, Laura, que ainda era bebê quando o pai saiu de casa. Jarrett morreu de infarto cinco anos mais tarde e Valerie nunca mais se casou. Estudante de direito em Harvard, Laura, 23, é literalmente a menina dos olhos da mãe. Foi por ela que Valerie trocou o privado pelo público, em 1987, quando justificou: "Queria fazer algo do qual minha filha realmente se orgulhasse."

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