São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008

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ANAGRAMA

A melhor coisa da França hoje é a Carla Bruni

por ANA RIBEIRO

Na última segunda-feira, Antonio Delfim Netto, 80, acordou às 5h15, como de costume. Antes das 6h30, já estava em seu escritório, um sobrado no Pacaembu, em São Paulo, onde as maritacas aprontam grande algazarra no jardim. “Elas são cultivadas com semente de girassol”, diz o economista, ex-ministro da Fazenda e, comenta-se, conselheiro extra-oficial de assuntos macroeconômicos do governo Lula. Às 7h30, ele negou essa atribuição.

Tenho grande amizade por Lula, espero que seja recíproca. Ele é admirável: tem intuição, inteligência. É a teoria de Darwin caminhando, um sobrevivente. Lula não tem nada de marxista, é essencialmente um negociador. Na minha opinião, ele salvou o capitalismo brasileiro.

De vez em quando sou honrado com um convite do presidente e vou tomar um café com ele. Nada além disso. Não dou palpite nem sobre o Corinthians.

Se todos tentarem ficar líquidos, a crise aumenta. Veja: o cara se assusta e não compra a geladeira. A loja não compra do fabricante. O fabricante não compra as peças do produtor. O sujeito que fabrica peças para geladeira demite. Ou seja: se todos guardarem dinheiro, a economia fica ilíquida. O medo de perder o emprego é que vai fazê-lo perder o emprego. Essa é toda a teoria econômica que alguém precisa saber para combater a crise.

Acompanhei a eleição presidencial americana torcendo pelo Obama. Acho que os EUA são uma grande nação. Essa idéia de que os EUA estão morrendo é uma tolice monumental. Vamos ver os EUA saírem da crise antes de nós. E antes do mundo. Porque eles, quando decidem fazer uma coisa, fazem mesmo.

A Europa está numa situação muito delicada, falta liderança sólida. Tenho muitas dúvidas sobre o euro, sobre a União Européia. As contradições internas são muito profundas. Eles estão se comportando até agora razoavelmente bem, mas não têm uma liderança. O Sarkozy é um trêfego, uma figura interessante. Mas a maior liderança da França hoje em dia é a Carla Bruni.

Tenho uma biblioteca com 250 mil títulos. Desde que tinha 16 anos compro livros. São basicamente de história, economia, matemática, estatística. E um pouquinho de filosofia, mas é só enganação.

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