POP UP

A GRANDE FAMIGLIA

por CAMILA YAHM

Inspirada na união das famílias da máfia siciliana –evidentemente sem as práticas criminosas– a Famiglia Bataglia reúne sete artistas jovens, todos na faixa dos 30 anos, que estão conquistando um espaço valioso no mercado da arte contemporânea mundial.

Comandada por William Baglione, 32, o grupo é composto por ícones da cultura do grafite e da arte urbana paulistana: Flip, Sesper, Tinho, Pato, Flávio Samelo, Thaís Beltrame e Herbert Baglione, irmão de William.

Todos se conheceram na rua, nos anos 90, enquanto grafitavam ou andavam de skate. O trabalho que faziam nos muros ainda não era reconhecido nem comercializado como arte. Hoje, com a assimilação do grafite pela cultura pop, essa turma está de novo um passo à frente. Estudam arquitetura, história da arte, concretismo e natureza, e buscam aprimorar seu trabalho e descobrir novas perspectivas, formas e materiais.

Cada um domina uma técnica e tem uma identidade própria, o que facilita o espírito cooperativo entre eles. Há pouca competição e muita colaboração. A Famiglia Baglione está no topo do que é chamado nova arte, que mantém o ideal da cultura do grafite, porém ocupando outros espaços que não a rua e fazendo uso de suportes diferentes.

Fora do país, eles são considerados referência, com trabalhos que chegam a valer cerca de R$ 55 mil, caso de uma pintura de Herbert, que tem um livro lançado nos EUA, criou uma linha de tênis para a Adidas e inaugura uma exposição individual neste mês, em Londres.

Há pouco tempo, William recebeu um convite do Itamaraty para levar sua Famiglia até Moscou. Foram pintar o teto da chapelaria da embaixada brasileira na cidade, por conta das comemorações dos 180 anos de relação comercial Brasil- Rússia. “Recebo propostas todos os dias, vindas de várias partes. Tudo o que fazemos hoje repercute no mundo em cinco minutos.”