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Entrevista
"Mostraremos em
Enems que os alunos aprendem mais"
Ricardo Semler, 46, é presidente da Semco, empresa
de equipamentos industriais e serviços. Está à
frente da Fundação Semco, responsável pelo Instituto Lumiar, ao qual pertence a Lumiar, escola democrática que nasceu em São Paulo em 2003. Nela, em espaços
sem lousa e sem carteiras, 51 alunos de 2 a 12 anos têm aulas com vários profissionais e realizam assembléias para
criar as leis da escola. Nenhum dos quatro educadores e
três assistentes da Lumiar é pedagogo. Professor de liderança do MIT (Massachusetts Institute of Technology), ele
respondeu à Folha por e-mail.
Folha - Por que não há aulas com pedagogos?
Ricardo Semler - A Lumiar não foge de pedagogos, apenas evita limitar-se a eles. Nenhum de nossos educadores
tem menos do que mestrado, e vários dirigentes têm doutorado, mas em sociologia, psicologia, história.
Folha - Qual a crítica mais injusta que a escola recebeu?
E a mais justa?
Semler - A mais injusta, por desinformada, é a de que se
trata de um sistema em que as crianças fazem o que querem e aprendem menos. Daqui a pouco, mostraremos em
Enems [Exame Nacional do Ensino Médio] que, na Lumiar, os alunos aprendem e retêm muito mais. Entre as
críticas mais justas estão as de que a escola assusta a elite e
que as turmas são intelectualizadas demais.
Folha - Você teve educação formal. Não foi bom?
Semler - Não. Retive muito pouco do que me fizeram
decorar. Por sorte, tirei notas muito baixas, passei no vestibular em penúltimo lugar e saí raspando da faculdade.
Com isso, tive tempo para tentar aprender o que realmente me interessava. Se tivesse estudado na Lumiar, como
meu filho, não saberia a diferença entre escola e o resto da
vida, não temeria provas e teria tido tempo para investigar melhor minhas questões emocionais.
(Denise Ribeiro)
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