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Índios registram em vídeo seus rituais e cotidiano
Vincent Carelli/Divulgação
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Wevito Piyanko, da aldeia Ashaninka Apiwtxa, no Acre; ONG ensina linguagem audiovisual
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Enquanto boa parte da população brasileira ainda está
distante da internet, algumas
minorias indígenas não apenas acessam a rede, mas também produzem conteúdo.
A ONG Vídeo nas Aldeias
(videonasaldeias.org.br)
funciona desde 1987 e ensina
aos indígenas técnicas e linguagem audiovisual.
O secretário-executivo da
ONG, Vincent Carelli, é documentarista e indianista experiente. Com mais de 20 documentários produzidos, ele
diz que antigamente "levar
uma ilha de edição para uma
aldeia era quase impossível,
uma operação de guerra".
Atualmente, com as novas
tecnologias, os índios participam de todo o processo. Já há
etnias que fazem tudo sozinhas, como os Hunikuis, do
Acre. "Essa autonomia proporciona novos olhares. Às
vezes, mais interessante que
os rituais e as festas são os registros cotidianos. O dia a dia
é muito interessante do ponto de vista cinematográfico".
RITUAIS E DIA A DIA
As filmagens são abrigadas no próprio site da entidade e estão separadas por etnias. Xavantes, Nambiquaras, Guaranis-Kaiowás e outras dezenas de etnias mantêm vídeos no YouTube e no
portal da ONG.
Os filmes mais interessantes são os feitos pelos próprios índios, com imagens de
rituais, festas, danças e outras manifestações culturais.
Os Kuikuros, etnia que vive na região do Alto Xingu,
no Mato Grosso, têm um vídeo chamado Kidene (tinyurl.com/26zxg9j), mostrando a preparação de guerreiros para a luta. Com exceção
da edição, feita por um "homem branco", tudo foi produzido pelos próprios índios.
Para a antropóloga especialista em internet Rita
Amaral, o baixo custo da produção digital abriu novas
oportunidades para os indígenas se expressarem e valorizarem sua cultura.
"É muito bom que eles estejam inseridos nesse contexto falando por si mesmos,
mostrando sua autoimagem
sem ter que passar pelas peneiras do exotismo ou mesmo da antropologia", afirma
Amaral. "Essa independência vem do baixo custo financeiro da presença on-line",
conclui a pesquisadora.
(DBN)
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