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Retoques em fotografias preocupam autoridades
No Reino Unido, propaganda com Julia Roberts foi considerada enganosa
No Brasil, projeto de lei exige que imagens alteradas tragam alertas sobre as modificações feitas
THIAGO FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Manipulações de imagens fotográficas não são coisa nova. Na década de 1920, o ditador Josef Stálin mandava apagar de fotografias seus desafetos políticos. Mas o uso de ferramentas digitais, em especial do Photoshop, levou essa questão a outro patamar.
E se a intenção de Stálin era reescrever a história, as facilidades atuais se prestam a motivos muito mais prosaicos, como rejuvenescer modelos em anúncios publicitários para vender creme facial.
No início do mês, um anúncio de um creme da Lancôme com a imagem de Julia Roberts retocada digitalmente teve sua veiculação proibida no Reino Unido sob a alegação de que fazia propaganda enganosa.
Para Gilberto dos Reis, diretor-executivo do Clube de Criação de São Paulo, entidade que se propõe a preservar a criatividade da propaganda, qualquer tentativa de iludir o consumidor é condenável.
"A publicidade pode usar imagens manipuladas quando está claro que não se quer representar a realidade", defende. "O problema é a intenção de enganar o público".
Recentemente, Caetano Veloso criticou publicamente o resultado final de uma foto sua ao lado de Gal Costa que estampou a capa da edição de julho da revista "Rolling Stone". Perto dos 70 anos, o cantor aparece com as rugas suavizadas. "Fiquei com cara de político babaca", disse no "Programa do Jô".
O site Photoshop Disasters (psdisasters.com) reúne casos de manipulação de imagens que resultaram em absurdos como pessoas atravessando paredes ou modelos com membros desproporcionais.
Mas a questão vai além do anedótico, e o enfrentamento dos casos de abuso preocupa autoridades brasileiras. Na Câmara Federal, tramita um projeto de lei que prevê que imagens em veículos de comunicação que tenham sido alteradas tragam mensagem de alerta sobre a modificação.
Na justificativa do projeto, o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) afirma que sua intenção é "disponibilizar uma informação mais completa ao cidadão, para que ele possa ter mais subsídios para construir seus próprios valores e tomar suas próprias decisões".
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