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#PRONTOFALEI
LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br
Essas novas gerações
HÁ 18 ANOS como professor
universitário, percebi entre
meus alunos três diferentes
visões de mundo. A primeira
"geração" tinha os mesmos
desejos dos colegas que se
formaram comigo: entrar em
uma empresa grande e assumir um cargo de direção.
Logo depois vieram aqueles que não pareciam ter outro objetivo na vida além de
emigrar. Demorei para perceber que boa parte deles era
criança durante o carnaval
de planos econômicos. Ao
crescer ouvindo que o Brasil
não presta, era natural que
quisessem deixá-lo.
A fúria emigratória durou
pouco, ainda bem. Hoje alguns ainda querem trabalhar
em grandes empresas e outros, viajar. Em todos, essas
experiências parecem ser
aventuras temporárias antes
do negócio que pensam em
abrir. Alguns nem passam
por essa fase e começam a
planejar antes mesmo de
completar 20 anos.
O conflito de gerações se
tornou coisa do passado. Em
um ambiente que gera novas
ideias a cada instante, as atitudes são cada vez mais reações a um contexto. Lealdade
e confiança, por exemplo, são
evidentes tanto em jovens
empreendedores quanto em
velhos políticos.
Muitas características humanas transcendem gerações. Todos querem ser vistos
como profissionais íntegros,
competentes, responsáveis e
equilibrados. Isso não tem
nada a ver com idade ou renda e costuma valer mais do
que dinheiro.
Jovens são menos seguros
que parecem, velhos são menos rabugentos do que fazem
crer. Todos querem ser respeitados, cada um do seu jeito. Enquanto os maduros se
queixam de ter sua autoridade contestada, os verdes reclamam por não terem suas
ideias levadas a sério. No fundo, todos estão um pouco incertos.
Ninguém gosta de mudanças repentinas, não é natural. Animais ficam inquietos
quando seu ambiente muda
bruscamente, seres humanos
não são diferentes. Não existe idade para odiar o novo ou
para se alimentar dele. Os jovens só parecem mais à vontade porque têm pouco a perder. Eles, afinal, ainda estão
aprendendo.
Todos querem se adaptar,
compreender melhor seu ambiente e progredir. A experiência didática está diretamente ligada à evolução. Acima de tudo, todo mundo quer
um guia em tempos turbulentos. A orientação pode vir de
um líder, de um psicólogo ou
de um padre. É função do
professor, em qualquer área,
ser um pouco de cada um.
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