São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2010

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#PRONTOFALEI

LULI RADFAHRER - folha@luli.com.br

Essas novas gerações

HÁ 18 ANOS como professor universitário, percebi entre meus alunos três diferentes visões de mundo. A primeira "geração" tinha os mesmos desejos dos colegas que se formaram comigo: entrar em uma empresa grande e assumir um cargo de direção.
Logo depois vieram aqueles que não pareciam ter outro objetivo na vida além de emigrar. Demorei para perceber que boa parte deles era criança durante o carnaval de planos econômicos. Ao crescer ouvindo que o Brasil não presta, era natural que quisessem deixá-lo.
A fúria emigratória durou pouco, ainda bem. Hoje alguns ainda querem trabalhar em grandes empresas e outros, viajar. Em todos, essas experiências parecem ser aventuras temporárias antes do negócio que pensam em abrir. Alguns nem passam por essa fase e começam a planejar antes mesmo de completar 20 anos.
O conflito de gerações se tornou coisa do passado. Em um ambiente que gera novas ideias a cada instante, as atitudes são cada vez mais reações a um contexto. Lealdade e confiança, por exemplo, são evidentes tanto em jovens empreendedores quanto em velhos políticos.
Muitas características humanas transcendem gerações. Todos querem ser vistos como profissionais íntegros, competentes, responsáveis e equilibrados. Isso não tem nada a ver com idade ou renda e costuma valer mais do que dinheiro.
Jovens são menos seguros que parecem, velhos são menos rabugentos do que fazem crer. Todos querem ser respeitados, cada um do seu jeito. Enquanto os maduros se queixam de ter sua autoridade contestada, os verdes reclamam por não terem suas ideias levadas a sério. No fundo, todos estão um pouco incertos.
Ninguém gosta de mudanças repentinas, não é natural. Animais ficam inquietos quando seu ambiente muda bruscamente, seres humanos não são diferentes. Não existe idade para odiar o novo ou para se alimentar dele. Os jovens só parecem mais à vontade porque têm pouco a perder. Eles, afinal, ainda estão aprendendo.
Todos querem se adaptar, compreender melhor seu ambiente e progredir. A experiência didática está diretamente ligada à evolução. Acima de tudo, todo mundo quer um guia em tempos turbulentos. A orientação pode vir de um líder, de um psicólogo ou de um padre. É função do professor, em qualquer área, ser um pouco de cada um.


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