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Escritores se deixaram enfeitiçar pelo Havaí

Robert Louis Stevenson e Jack London foram dois de uma uma longa lista

Após ser descoberto, o arquipélago entrou na órbita do mundo dito civilizado e viu sua cultura nativa declinar

DO EDITOR DE "TURISMO"

Foi a partir de relatos e romances de escritores de língua inglesa como Robert Louis Stevenson (1850-1894) e Jack London (1876-1916) que a Polinésia -e em particular o Havaí- entrou no imaginário contemporâneo como destino turístico paradisíaco.

E como feitiço havaiano não pega só em surfista, a região foi assunto também para autores como Herman Melville (1835-1910) e Mark Twain (1835-1910), cujos escritos também remetem à história rica e conturbada do arquipélago. Outro escritor, o contemporâneo James Michener (1907-1997), aliás, se dedicou a examinar mais o lado turbilhante da história e, autor da saga "Hawaii" (1959), publicou mais de 40 títulos sobre as ilhas da Polinésia.

Mas nem é preciso ler Michener para intuir que, após a descoberta, o Havaí logo perdeu sua ingenuidade. E que, além de militares e missionários, recebeu imensos contingentes de imigrantes.

Com o início do século 20, veio a americanização e o ataque japonês à base de Pearl Harbor, em 1941. E, em 1942, os EUA entraram de vez na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Mas, a despeito de tantos acontecimentos, a aura de encantamento dessas ilhas, que ao todo somam 16.633 km2 e hoje são habitadas por 1,2 milhão de pessoas, permanece.

UMA NOVA FRONTEIRA

A exploração feérica do Havaí teve origem na Corrida do Ouro (1848/9), movimento ocorrido no outro lado do Pacífico, na Califórnia.

Nessa época, para ir de San Francisco, cidade que deu apoio à mineração, até o Extremo Oriente, de onde vinham trabalhadores braçais para as minas e para as ferrovias dos EUA, era preciso navegar seis meses.

Surgiu então o Clipper, embarcação rápida à vela que agilizou as viagens marítimas e desvelou os mares do Sul.

Mexicana até 1820, a Califórnia se tornou um trampolim para viajar à Polinésia, virtualmente desconhecida por europeus e norte-americanos até os anos 1830.

Mas é fato que, antes mesmo de Cook, navegadores holandeses já tinham estado na Tasmânia, ao norte da Austrália, que supunham ligada, ao sul, à Antártida. E os espanhóis já tinham mapeado o Havaí.

FIM DA INGENUIDADE

A caça às baleias, negócio já movido a óleo, sangue e suor, assunto caro a Melville, também contribuiu a seu modo para o desenvolvimento do Havaí e das cidades californianas até os anos 1900.

Assim, descoberto há uns 230 anos, o Havaí saltou do período neolítico para a órbita do mundo dito civilizado, mas viu sua população nativa declinar. Hoje, vive-se um momento de valorização de uma cultura que pode ser entendida numa visita ao museu Bishop (www.bishopmuseum.org) em Honolulu, o grande museu da Polinésia. E mesmo técnicas tradicionais de navegação, que atraíram escritores e historiadores, estão sendo resgatadas por organizações como a Polynesian Voyaging Society (pvs-hawaii.com).

(SILVIO CIOFFI)

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