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Polinésia logo entrou no mapa-múndi da literatura

Surfe, cultura nativa e paisagens havaianas inspiraram textos clássicos

Fim da monarquia foi divisor de águas no Havaí, que logo atraiu escritores e a cobiça de potências ocidentais

DO EDITOR DE “TURISMO”

Foi graças ao clima desenvolvimentista que se instalou na Califórnia após a Corrida do Ouro que escritores como o escocês Robert Louis Stevenson e o norte-americano Jack London, nome de pluma de John Griffith Chaney, fizeram de San Francisco uma "ponte dourada" para alcançar o Havaí em seus veleiros.

Nascido em Edimburgo numa família de engenheiros, Robert Louis Stevenson, também conhecido apenas pelas iniciais RLS, partiu para os mares do Sul deixando a baía de San Francisco para trás em 1888 a bordo do Casco.

Chegou a Oahu, a ilha havaiana onde hoje fica a capital Honolulu, só no ano seguinte, em 1889.

Quando tomou o rumo da Polinésia em busca de histórias e de um clima mais adequado para sua saúde debilitada, Stevenson nem imaginava se tornar "semideus" naquelas ilhas onde os nativos, exímios navegadores, acostumados à tradição oral e eventualmente adeptos do canibalismo, desconheciam os metais e a escrita.

Estabeleceu-se no Havaí até a morte do rei David Kalakaua, seu amigo, ocorrida em 1891 em San Francisco.

Com o ocaso da monarquia nativa, Stevenson partiu para o arquipélago de Samoa, onde fez uma casa com a madeira de uma sequoia californiana ("redwood") que encomendava aos capitães dos vapores que então já faziam serviço de correio e de carga entre os EUA e a Polinésia.

As potências de então -EUA, França, Inglaterra e Alemanha- planejavam instituir colônias nos mares do Sul. Stevenson foi, em Samoa, uma pedra no sapato dessas ambições colonialistas e se tornou amigo da nobreza polinésia também em Samoa, onde quase foi feito um prisioneiro.

Mas foi a busca de aventura, de histórias e de uma sobrevida para sua saúde debilitada que tornou RLS um viajante privilegiado e, desde logo, um compilador de casos e contos.

Em consequência de suas pesquisas e andanças, ele mapeou línguas polinésias descobrindo conexão entre elas ao visitar, a partir do Havaí e de Samoa, as ilhas Marshall, Fiji, Tonga etc.

Ele morreu em decorrência de um derrame e está enterrado em Apia, localidade que hoje fica no arquipélago de Samoa Ocidental, onde ainda é reverenciado como um semideus ou "tusitala".

Depois de RLS, Jack London, que nasceu em San Francisco em 1876 numa família operária e que viu sua casa ser incendiada no terremoto de 1906, também navegou por arquipélagos longínquos num veleiro improvisado chamado Snark. Esteve no Havaí, no Taiti, em Samoa e nas ilhas Salomão. Autor de "A Travessia do Snark", em 1907, ele cruzou o Pacífico de San Francisco até o Havaí para descrever o surfe, as cavalgadas e a cultura e geografia das ilhas batizadas originalmente de ilhas Sanduíche.

Ambos, Stevenson e London, testemunharam o tempo heroico e traiçoeiro em que o Havaí experimentava, meio que a contragosto, o contato escancarado com o Ocidente.

(SILVIO CIOFFI)

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