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Muralhas antigas de Saint-Malo têm vista panorâmica

Monge galês do século 6º deu nome à cidade romântica que se notabiliza pelas construções medievais isoladas

Com uma identidade própria, a localidade francesa declarou ser uma República independente no séc. 16

DO ENVIADO A SAINT-MALO (FRANÇA)

Numa noite chuvosa como a do penúltimo domingo, a costeira Saint-Malo parecia chamar os turistas para o quarto do hotel. Exceto no caso de um casal de senhores sentado próximo ao balcão do pub Port Malo, na rua Sainte-Barbe, no centro.

O único atendente, que parecia ter uns 22 anos, estava também a cargo da trilha sonora, escolhida ali na hora mesmo pelo Youtube, com Bob Dylan e Rolling Stones entre as inclinações.

De frente ao bar, impossível não ver a "sandwicherie" fast-food cor verde-abacate chamada Le MacLow.

O nome do lugar faz referência ao monge galês que passou pelo local no século 6º para pregar a fé cristã e batizou Saint-Malo.

Rodeada por muralhas, a cidade antiga tem ruas estreitas de pedra onde é fácil se perder. Com seu jeito medieval, as edificações nas vielas parecem preservadas. Mas não se engane. Cerca de 80% das casas de Saint-Malo são relativamente novas, cópias das que foram destruídas durante os anos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Diferentemente de muitas cidades europeias arrasadas depois dos bombardeios dos anos 1940, Saint-Malo foi reconstruída tal qual os modelos originais. Um olhar atento pode observar cimento entre as pedras -sinal de que aquele prédio faz parte da nova leva.

PRESO PELA MARÉ

A chuvinha que persistiu durante a visita às muralhas, seguida de ventos ocasionais que deixavam as hastes metálicas dos guarda-chuvas em posição reversa, não foi suficiente para tirar o deslumbre do panorama de Saint-Malo e de suas ilhas.

Em partes da costa, dá para caminhar na maré baixa até fortificações isoladas. Mas é preciso cuidado. O período entre a elevação e a baixa da maré costuma ser de seis horas, e a amplitude de elevação das águas pode chegar a 13 metros -é comum observar turistas ilhados, esperando horas para voltar.

A cidade tem a terceira maior maré do mundo, capaz de gerar energia para um município de 200 mil habitantes.

Ainda em busca de panoramas, vale subir às torres do castelo, cujo final da edificação se deve à duquesa Ana da Bretanha (1488-1514) e visava controlar rebeldes.

Mas, no séc. 16, a cidade declarou-se uma República independente e assim permaneceu por cinco anos. É por isso que, ainda hoje, a bandeira de Saint-Malo fica posicionada acima da francesa e da bretã, e há moradores que digam: "Nem francês, nem bretão, sou 'malouins'".

(RAFAEL MOSNA)

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folha.com/no1170009

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