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Polo cultural foi alvo de retaliações, diz a atual gestora

Horário restrito gerou perda de 90% do faturamento do bar do Museu, de acordo com sócia-presidente do lugar

Sede do bar acumula dívida condominial de R$ 120 mil em decorrência da queda do número de fregueses

DE SÃO PAULO

As pulseiras tilintam alegremente enquanto a aposentada Clarice Berto, 65, gesticula e conta com vivacidade a história do bar do Museu. Um cheiro de patchuli ou algo do tipo paira no ar; o ambiente é um recorte retrô e escarlate da metade do século passado, completamente alheio à boemia contemporânea e falante logo ali embaixo, na avenida Ipiranga. No som, "Love Me Tender", clássico meloso, embora lindo, do cantor Elvis Presley.
Vestida como uma dama do século 20, a outrora boêmia de olhos claros e pele suave aparenta vitalidade.
Seu principal antagonista, o síndico do prédio onde o bar se localiza, morreu na semana passada. Tinha por volta de 50 anos -e morreu um dia antes de a reportagem da Folha entrevistá-la.
Abstêmio, morreu de cirrose em decorrência de uma diabetes, afirmou ela.
"Começou em 2008. O síndico fez alegações para outros condôminos de que vinha muito artista aqui, que eram pessoas de índole duvidosa, que isso era perigoso. Estamos aqui há 34 anos e nunca houve nenhuma ocorrência. Ele começou a cercear: criou a entrada até as 21h, e isso me prejudicou tremendamente, porque os eventos começaram a ser cancelados. É São Paulo, ninguém chega aqui antes dessa hora."
O síndico, segundo Clarice Berto, também impediu a entrada no edifício aos sábados, outro dia tradicionalmente rentável para o bar. "Sofremos com esses baques. Perdi 90% do capital que entrava."
A partir de então, a presidente da entidade, declarando que desde 2003 limpa, compra estoque e faz manutenção do local, optou por deixar de pagar o condomínio, que é de R$ 1.700.
O saldo: uma dívida, hoje, calculada em R$ 120 mil. "Estou assim: se alguém me cobrar, mando pegar a senha."
Com a morte do síndico, ela espera renegociar as condições -e diz que não hesita em vender o apartamento em que reside, pagar a dívida condominial e instalar a sede noutro lugar. (MARINA LANG)

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