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Palácio guarda a maior coleção de arte e de história chinesas do mundo
DO ENVIADO ESPECIAL
Reunindo a maior coleção de
arte e história chinesas do
mundo, o Museu Nacional Palácio teve seu acervo formado
na dinastia Ching (1644-1911),
que, por sua vez, herdou patrimônios das dinastias Sung
(960-1279), Yuan (1279-1368) e
Ming (1368-1644).
A exibição é organizada por
dinastias. Há objetos de bronze, cerâmica e jade, além de mapas, caligrafias e pinturas.
Hoje, a coleção viaja rotineiramente -objetos de valor
inestimável já foram expostos
em museus norte-americanos,
russos, alemães e franceses.
Mas nem sempre foi assim: a
China continental, no passado,
acenou com o fantasma da expropriação, que então rondou
esse imenso acervo.
A história, ali guardada sob a
forma de arte, artefatos e documentos, foi concebida por um
povo que, em nossos dias, mantém filiação linear à civilização
que a forjou.
O caso dos objetos de bronze
é emblemático. Esse era o metal mais duro que se conhecia
na Idade do Ferro -e o museu
tem objetos de mais de 4.000
anos, de 2.000 a.C.
Acervo proibido
Ema Chen, museóloga da
instituição há 16 anos, diz que
90% das peças pertenciam à Cidade Proibida, em Pequim.
Seu último morador, o imperador Pu Yi, foi deposto em 1911
pelo partido Nacionalista
(Kuomintang, ou KMT), liderado por Chiang Kai-shek, que
tomou o poder e instaurou a
República no continente.
Mas a agitação política era de
tal monta que Pu Yi permaneceu no palácio (onde as pessoas
comuns eram proibidas de entrar), lá atuando como um simples jardineiro, até 1924.
Em 1925, os portões foram
abertos. Surgia o embrião do
atual museu, pois teve então
início a visitação dos tesouros
encerrados durante séculos.
Quando, em 1933, o Japão invadiu a Manchúria, Pu Yi se
tornou parte de um governo
fantoche -e teve um pouco do
seu poder reavivado. Isso até
que as relações entre os nacionalistas chineses e os japoneses
se tornaram tensas.
À essa altura, temendo a expropriação do acervo pelo exército nipônico, o governo chinês
encaixotou as peças e enviou a
carga de trem para Nanquim e,
depois, para Xangai.
Antes de estourar a Segunda
Guerra Mundial (1939-45), em
1937, as caixas foram novamente mandadas para Nanquim.
Então, os japoneses tomaram Pequim e Xangai -e o
acervo foi dividido e colocado
em locais secretos por dez anos.
Em dezembro de 1947, os nacionalistas chineses fizeram a
coleção emergir e a mostraram
em Nanquim, que, então, fazia
as vezes de capital da República
da China. Dois anos depois, em
1949, os comunistas chineses
liderados por Mao Tse-tung tomaram o poder, instaurando a
República Popular da China.
As caixas foram aí enviadas
para o porto de Keelung, em
Taiwan, onde os nacionalistas,
exilados, pretendiam se reorganizar para retomar o poder na
China continental.
Até os anos 1960, quando a
Revolução Cultural esteve em
pauta na República Popular da
China, o acervo, em Taipé, ficou semi-esquecido.
(SC)
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