São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2007

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Palácio guarda a maior coleção de arte e de história chinesas do mundo

DO ENVIADO ESPECIAL

Reunindo a maior coleção de arte e história chinesas do mundo, o Museu Nacional Palácio teve seu acervo formado na dinastia Ching (1644-1911), que, por sua vez, herdou patrimônios das dinastias Sung (960-1279), Yuan (1279-1368) e Ming (1368-1644).
A exibição é organizada por dinastias. Há objetos de bronze, cerâmica e jade, além de mapas, caligrafias e pinturas.
Hoje, a coleção viaja rotineiramente -objetos de valor inestimável já foram expostos em museus norte-americanos, russos, alemães e franceses.
Mas nem sempre foi assim: a China continental, no passado, acenou com o fantasma da expropriação, que então rondou esse imenso acervo.
A história, ali guardada sob a forma de arte, artefatos e documentos, foi concebida por um povo que, em nossos dias, mantém filiação linear à civilização que a forjou.
O caso dos objetos de bronze é emblemático. Esse era o metal mais duro que se conhecia na Idade do Ferro -e o museu tem objetos de mais de 4.000 anos, de 2.000 a.C.

Acervo proibido
Ema Chen, museóloga da instituição há 16 anos, diz que 90% das peças pertenciam à Cidade Proibida, em Pequim.
Seu último morador, o imperador Pu Yi, foi deposto em 1911 pelo partido Nacionalista (Kuomintang, ou KMT), liderado por Chiang Kai-shek, que tomou o poder e instaurou a República no continente.
Mas a agitação política era de tal monta que Pu Yi permaneceu no palácio (onde as pessoas comuns eram proibidas de entrar), lá atuando como um simples jardineiro, até 1924.
Em 1925, os portões foram abertos. Surgia o embrião do atual museu, pois teve então início a visitação dos tesouros encerrados durante séculos.
Quando, em 1933, o Japão invadiu a Manchúria, Pu Yi se tornou parte de um governo fantoche -e teve um pouco do seu poder reavivado. Isso até que as relações entre os nacionalistas chineses e os japoneses se tornaram tensas.
À essa altura, temendo a expropriação do acervo pelo exército nipônico, o governo chinês encaixotou as peças e enviou a carga de trem para Nanquim e, depois, para Xangai.
Antes de estourar a Segunda Guerra Mundial (1939-45), em 1937, as caixas foram novamente mandadas para Nanquim.
Então, os japoneses tomaram Pequim e Xangai -e o acervo foi dividido e colocado em locais secretos por dez anos.
Em dezembro de 1947, os nacionalistas chineses fizeram a coleção emergir e a mostraram em Nanquim, que, então, fazia as vezes de capital da República da China. Dois anos depois, em 1949, os comunistas chineses liderados por Mao Tse-tung tomaram o poder, instaurando a República Popular da China.
As caixas foram aí enviadas para o porto de Keelung, em Taiwan, onde os nacionalistas, exilados, pretendiam se reorganizar para retomar o poder na China continental.
Até os anos 1960, quando a Revolução Cultural esteve em pauta na República Popular da China, o acervo, em Taipé, ficou semi-esquecido. (SC)


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