São Paulo, quinta-feira, 01 de novembro de 2007

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ROTAS IBÉRICAS

Oito vias recebem peregrinos na Galícia

Quase onipresentes na região, as conchas de vieira e as setas amarelas são os símbolos da peregrinação

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA GALÍCIA

Para o turista é fácil imaginar que todos os caminhos da Galícia levam a Santiago de Compostela, já que os símbolos da peregrinação -as conchas de vieira e as setas amarelas- parecem onipresentes.
Na verdade, os caminhos galegos trabalhados pelo Xacobeo são oito: o francês, o inglês, o português, o do norte, o de Fisterra, o primitivo, a via da prata e a rota do mar de Arousa.
O mais famoso -e lotado- é o caminho francês, em parte pelo sucesso mundial do livro "Diário de um Mago", do escritor brasileiro Paulo Coelho.
Esse, consta, é o caminho mais bem equipado para receber os modernos peregrinos, e teve suas principais vias na França e na Espanha descritas já em 1135, no códex Calixtinus, atribuído ao clérigo francês Aymeric Picaud.

Rotas da fé
A rota do mar de Arousa é percorrida em parte pela água, sobre barcos, desde a entrada da ria de Arousa, seguindo pelo rio Ullo até Pontecesures e Padrón. Dali, continua por terra o mesmo traçado do caminho português. A rota marítima marca parte do caminho que teria seguido o traslado do corpo do apóstolo da Palestina até Santiago de Compostela.
Uma procissão de embarcações, promovida pela Fundación Ruta Xacobea do Mar de Arousa e Rio Ulla, ocorre anualmente entre o final de julho e o início de agosto.
Já o caminho inglês, que pode ter início em La Coruña ou em Ferrol, foi traçado pelos peregrinos que vinham das terras do norte, caso dos escandinavos, ingleses e irlandeses.
O caminho português, que em terras galegas começa em Tui, provavelmente já existia antes, mas se consolidou após a independência de Portugal, no século 12.

O fim do caminho
O caminho de Fisterra, também conhecido como Fisterra-Muxía, tem uma particularidade: a rota não tem Santiago de Compostela como ponto final, e sim como ponto de partida.
Esse caminho funciona como uma extensão da peregrinação até a costa da Morte, que até quase o final da Idade Média representava o último ponto de terra conhecido, ou seja, como diz o próprio nome da cidade, o "fim da terra".
A tradição de continuar a peregrinação até esse ponto teria surgido desde o descobrimento do sepulcro do apóstolo Tiago, no século 9º.
A via da Prata é o caminho de maior extensão em terras galegas. É uma prolongação do caminho romano com o mesmo nome que unia Mérida a Astorga. O caminho do Norte teria sido feito, segundo a tradição, por são Francisco de Assis.
O pedaço galego dessa rota tem 196 quilômetros, com início em Ribadeo. O caminho primitivo, por fim, foi a primeira rota a ser utilizada e um sinal de sua importância é a presença de diversos hospitais para peregrinos, tornados em albergues, em sua extensão.
Informações detalhadas dos itinerários galegos podem ser consultadas no site do Xacobeo (www.xacobeo.es).
Quem prefere contar com dicas de conterrâneos sobre os caminhos pode buscar dados no site da Associação de Confrades e Amigos do Caminho de Santiago de Compostela (www.santiago.org.br).
(MARINA DELLA VALLE)


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