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Para médicos, decisão sobre viagem depende de bom senso
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos médicos ouvidos pela reportagem da Folha
desaconselha viagens para países com alto risco de contaminação com a gripe A (H1N1) para o chamado grupo de risco.
Fazem parte dele pessoas
com menos de dois anos, com
mais de 60 anos, portadores de
Aids, pacientes que fazem quimioterapia, mulheres grávidas
e pessoas com depressão imunológica por qualquer motivo.
Elas têm mais chances de desenvolver complicações decorrentes da doença.
Já em relação a pessoas fora
desse grupo, a recomendação é
usar de bom senso. "Pessoas
que não apresentam essas situações podem viajar, desde
que estejam cientes de que elas
correm o risco de pegar a gripe
A", diz Juvêncio Furtado, presidente da Sociedade Brasileira
de Infectologia.
"Esse vírus já está internamente aqui no Brasil. Deixar de
viajar nesse caso é excesso de
preocupação. De repente a pessoa pega a gripe aqui", comenta
o infectologista Celso Granato,
da Unifesp.
Se não é possível adiar a viagem, mas há receio de contaminação com a gripe A, os médicos indicam medidas para prevenir a doença.
"Evitar aglomerações, beber
dois litros de água por dia, lavar
sempre a mão - o contato com
a mão transmite muito. Vale a
pena levar álcool em gel para
limpar as mãos ao longo do
dia", recomenda o infectologista Artur Timerman.
Outra medida é tomar vacina
contra a gripe comum. "Não
protege contra a gripe A, mas,
por outro lado, de 30% a 40%
dos casos são de gripe A, e de
60% a 70% dos casos são de outros vírus. Se você tomar a vacina contra a gripe sazonal, vai
evitar esses vírus e ter menos
dúvidas", diz Granato.
Pirotecnia
A máscara cirúrgica, comum
em países com casos da doença,
pode ficar de fora. "Andar na
rua com máscara é pirotecnia,
não faz sentido. Ela teria de ser
trocada a cada duas horas", diz
Timerman. Após esse período,
a máscara perde o efeito.
Outras recomendações são
válidas para qualquer viagem:
colher informações sobre hospitais e clínicas onde o viajante
poderá ser atendido e preparar
uma "farmacinha" com os remédios que o viajante utiliza
normalmente, incluindo um
descongestionante.
"É complicado passar mal fora do Brasil, não se sabe bem
aonde ir. Os nomes dos remédios não são iguais nos outros
países, e a legislação também
muda. Tem remédios que podemos comprar sem receita
médica aqui, mas que precisam
de receita em outros países e vice-versa", lembra Granato.
(MARINA DELLA VALLE)
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