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CANTO ARGENTINO
Cidade ferve com jovens oferecendo livros a transeuntes e serve nos restaurantes carne de primeira
Universitários dão vida e cultura às ruas de Córdoba
FABIO EDUARDO MURAKAWA
ENVIADO ESPECIAL A CÓRDOBA
Contam os documentos oficiais
que Córdoba, na Argentina, foi
fundada em 6 de julho de 1573 pelo espanhol Jerónimo Luis de Cabrera. Mas pode-se dizer que sua
história começa com a chegada
dos jesuítas, em 1599.
Eles semearam ali a primeira
universidade e a primeira igreja
argentinas, além de instalarem
nas áreas serranas que circundam
a cidade as fazendas que dariam
sustentação à sua empresa missionária: a Companhia de Jesus.
Os jesuítas foram expulsos da
cidade em 1767 por ordem do rei
espanhol Carlos 3º. Seu legado arquitetônico, cultural e religioso,
porém, ainda pode ser visto na cidade, que neste ano completa 428
anos de fundação.
A Universidade Nacional de
Córdoba, inaugurada em 1613,
continua em atividade. Jovens de
toda a Argentina e de outros países da América do Sul são parte
viva da paisagem cordobesa, que,
como toda cidade universitária,
também é conhecida por sua agitada vida noturna.
A igreja da Companhia de Jesus,
fundada em 1671, fica logo ao lado
da universidade. Nessa área central estão alguns dos templos mais
antigos da Argentina, como a catedral da cidade e a legislatura
provincial, na praça San Martin.
Na região, o visitante pode fazer
escalas em alguns dos cerca de 25
museus e galerias de arte.
A proximidade com a zona universitária também tornou o centro de Córdoba uma grande concentração de cafés.
Em cada esquina há um estudante, contratado pelos sebos,
convidando os pedestres para
uma visita: "Libros, señor?".
Os cafés, por sua vez, têm uma
característica distinta dos de Buenos Aires. Raramente suas mesas
e cadeiras são acomodadas nas
calçadas. São, em geral, aconchegantes. O brasileiro, no entanto,
pode se assustar com o preço. Um
café expresso pode custar US$
1,50 (R$ 3,60, mais ou menos).
A compensação pode vir no
câmbio. Como a maioria dos estabelecimentos aceita dólares como
forma de pagamento, o turista
não perderá dinheiro na conversão da moeda americana para o
peso argentino.
A alta qualidade e a conta salgada, se comparada à realidade brasileira, também são características
dos restaurantes de Córdoba.
Um jantar razoável não sairá
por menos de US$ 15 por pessoa,
e a carne, como em toda a Argentina, será sempre o prato principal. Qualquer que seja o corte ou o
prato, a carne será mais saborosa
do que a encontrada na maioria
dos restaurantes brasileiros.
Isso se deve à origem européia
do gado argentino, quando no
Brasil a maior parte do rebanho
tem origem indiana. Mais resistente ao calor, o gado zebuíno
brasileiro não produz uma carne
tão macia quanto o europeu.
Desde sua fundação, no século
16, Córdoba se destacou por ser
um ponto de convergência das rotas de colonizadores vindos do
norte e do oeste do que é hoje o
território argentino.
Mais de 400 anos depois, a cidade conserva sua importância.
Córdoba é hoje a segunda maior
do país, com 1,3 milhão de habitantes, e a Província da qual é capital e que leva seu nome concentra grande parte da indústria automobilística nacional.
Por isso mesmo a crise econômica atravessada pela Argentina
pegou em cheio a economia local.
Isso fez com que a cidade, que
recebe visitantes de todos os cantos do país, despertasse para a necessidade de atrair para si também os turistas estrangeiros.
Já não bastam os pesos trazidos
pelas famílias argentinas ou pelos
estudantes. Córdoba precisa dos
dólares dos visitantes de outros
países. E, a julgar pela beleza de
suas construções e pela riqueza de
sua história, uma viagem a Córdoba vale o investimento.
Fabio Eduardo Murakawa viajou a
convite da GSA, da Varig e da Macaw Receptive
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