São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2001

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Passado é presente em Penedo

ESPECIAL PARA A FOLHA

Caminhar por Penedo é um convite ao passado. Construída pelos portugueses no século 16 sobre os rochedos que estreitam o rio São Francisco, não resistiu à invasão holandesa no século 17.
Maurício de Nassau aportou ali com sua corte, mudando o nome da cidade para Maurícia. Porém não resistiu à principal aliada dos portugueses, a malária. Isso foi cem anos depois do naufrágio do barco do bispo Sardinha, que para ali fora catequizar índios. Imagino como se sentiu o religioso ao alcançar uma das praias. Mal conseguiu dar graças a Deus, foi devorado pelos caetés. Salvar-se do afogamento e servir de repasto só pode ser brincadeira do destino.
Entre as construções de época, destacam-se as igrejas e o oratório da Forca. Tinha esse nome porque os condenados faziam ali sua última oração antes de serem atirados ao rio com as mãos amarradas às costas e uma pedra presa a uma corda no pescoço.
São histórias que ainda contam na cidade, que se considerava a mais católica das brasileiras, razão pela qual não permitia que os condenados à morte por esquartejamento fossem executados em sua praça. Eram mandados para Sergipe, na outra margem do rio, onde o carrasco os executava.
Nos arredores de Penedo Zumbi foi traído, preso e esquartejado (há quem diga que teria sido em Viçosa, AL). Mas também foi lá que a família Lemos construiu a bela igreja de Nossa Senhora da Corrente, em cujo santuário há um fundo falso onde escondiam os escravos para a liberdade. (GB)


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