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EUROPA NOS TRILHOS
Para quem quer viajar com rapidez entre um destino e outro, pedida são as máquinas de alta velocidade
Locomotiva mais antiga permite contemplação
DO ENVIADO ESPECIAL À EUROPA
Não que o trem seja totalmente imune ao mau tempo e
ao inverno rigoroso da Europa
-o avião e o carro, aliás, também não são. Mas a modernização das ferrovias europeias, ora
em curso, tem aumentado a
quantidade de trens de alta velocidade a tal ponto que, para
viagens de até quatro horas, há
quem prefira colocar nos trilhos o destino da viagem.
O Eurostar, mencionado no
noticiário no final de 2009 depois de incidentes envolvendo
frio extremo e atrasos, é um
trem tão sofisticado que cruza
abaixo do canal da Mancha, ligando Paris a Londres em duas
horas e 35 minutos -desenvolve dentro do Eurotúnel velocidades de até 160 km/h.
À frente do Eurostar está a já
mítica locomotiva francesa
TGV. Lançada em 1994, foi batizada a partir da sigla de Train
à Grande Vitesse (trem de alta
velocidade) e liga hoje mais de
cem cidades europeias.
Nas rotas mais velozes, esse
trem alcança os 320 km/h e,
entre os vagões de passageiros
do TGV, há velocímetros digitais marcando a performance
desse trem, cujos trajetos cruzam idílicas paisagens e locais
que se assemelham a autoestradas, sem muito o que ver.
Há uma versão chamada
TGV Thalys, capaz de usar trilhos convencionais -se bem
que várias delas estão sendo
substituídas por linhas de alta
performance.
Em locais como a Riviera italiana e a francesa, os trilhos antigos que se cruzavam diante
das praias foram colocados em
áreas mais próximas à montanha e, entre as metrópoles europeias, há mais e mais trens de
alta velocidade.
Na Alemanha, o trem-bala se
chama ICE. É relativamente
menos veloz que o TGV francês, mas a pontualidade é germânica.
Já para ligar Madri a Barcelona, o trem AVE (sigla para Alta Velocidad Española) desenvolve 300 km/h e faz os 659 km
do percurso normalmente em
duas horas e 38 minutos.
Na Itália, onde as ferrovias
nem sempre são tão expressas,
também há um trem de alta velocidade, o ETR 500, cujo nome é abreviatura dos termos
Elettro Treno Rápido.
À suíça
Mas, como velocidade muitas vezes anda na contramão da
contemplação, há trenzinhos
panorâmicos que mostram paisagens recônditas, montanhas
nevadas, lagos e, com sorte,
mesmo florestas com animais.
Na Suíça, os trens panorâmico da GoldenPassLine
(www.goldenpass.ch) são
joias sobre trilhos. Na totalidade, a linha liga Zurique, Lucerna, Interlaken -no entroncamento ferroviário chamado de
"o topo da Europa"- , Montreux e Genebra. Há três diferentes trens nessa linha GoldenPass, mas todos eles têm janelas imensas.
Na viagem feita pela Folha,
com um trem de locomotiva
dourada, as janelas iam até o
teto e o design arrojado da cabine tinha o maquinista num
deque superior.
Os trechos não são especialmente longos nessa estrada da
GoldenPass Line e o ideal é reservar alguns dias para visitar
as cidades do trajeto e pernoitar em alguns desses locais.
Entre Lucerna, a 436 m de
altitude até Interlaken, a 567
m, o GoldenPass passa por
Brünig, a 1.001 m em viagem
que demora duas horas; ao todo, entre Lucerna e Montreux,
na beira do lago, a 395 m de altitude, gasta-se quatro horas e
15 minutos, passando por picos
de até 1.274 m.
A comida, paga a parte, é
atração a parte. Entre os lanches típicos, há diversidade de
frios, queijos -a Gruyères, famosa pelos laticínios, fica no
caminho-, além de pães pretos e do vinho suíço, que tem
sua tradição e faz todo o sentido com as iguarias do local.
Outro pequeno trem da mesma empresa sobe as encostas a
partir de Montreux no rumo de
Rochers-de-Naye. É um trem
cremalheira que lembra um
bonde e que percorre uma linha turística que começou a
operar em 1892. Do alto, além
de avistar o lago Leman, os Alpes e partes da cidade, é possível, dependendo da época, esquiar e ver as marmotas -Rochers-de-Naye é chamado de
paraíso desses roedores.
Há no alto da montanha um
restaurante panorâmico, um
espaço para crianças e até cubículos chamados localmente de
"yourtes" onde é possível pernoitar a mais de 2.000 m de altitude.
(SILVIO CIOFFI)
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