São Paulo, quinta-feira, 04 de fevereiro de 2010

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EUROPA NOS TRILHOS
Para quem quer viajar com rapidez entre um destino e outro, pedida são as máquinas de alta velocidade

Locomotiva mais antiga permite contemplação

DO ENVIADO ESPECIAL À EUROPA

Não que o trem seja totalmente imune ao mau tempo e ao inverno rigoroso da Europa -o avião e o carro, aliás, também não são. Mas a modernização das ferrovias europeias, ora em curso, tem aumentado a quantidade de trens de alta velocidade a tal ponto que, para viagens de até quatro horas, há quem prefira colocar nos trilhos o destino da viagem.
O Eurostar, mencionado no noticiário no final de 2009 depois de incidentes envolvendo frio extremo e atrasos, é um trem tão sofisticado que cruza abaixo do canal da Mancha, ligando Paris a Londres em duas horas e 35 minutos -desenvolve dentro do Eurotúnel velocidades de até 160 km/h.
À frente do Eurostar está a já mítica locomotiva francesa TGV. Lançada em 1994, foi batizada a partir da sigla de Train à Grande Vitesse (trem de alta velocidade) e liga hoje mais de cem cidades europeias.
Nas rotas mais velozes, esse trem alcança os 320 km/h e, entre os vagões de passageiros do TGV, há velocímetros digitais marcando a performance desse trem, cujos trajetos cruzam idílicas paisagens e locais que se assemelham a autoestradas, sem muito o que ver.
Há uma versão chamada TGV Thalys, capaz de usar trilhos convencionais -se bem que várias delas estão sendo substituídas por linhas de alta performance.
Em locais como a Riviera italiana e a francesa, os trilhos antigos que se cruzavam diante das praias foram colocados em áreas mais próximas à montanha e, entre as metrópoles europeias, há mais e mais trens de alta velocidade.
Na Alemanha, o trem-bala se chama ICE. É relativamente menos veloz que o TGV francês, mas a pontualidade é germânica.
Já para ligar Madri a Barcelona, o trem AVE (sigla para Alta Velocidad Española) desenvolve 300 km/h e faz os 659 km do percurso normalmente em duas horas e 38 minutos.
Na Itália, onde as ferrovias nem sempre são tão expressas, também há um trem de alta velocidade, o ETR 500, cujo nome é abreviatura dos termos Elettro Treno Rápido.

À suíça
Mas, como velocidade muitas vezes anda na contramão da contemplação, há trenzinhos panorâmicos que mostram paisagens recônditas, montanhas nevadas, lagos e, com sorte, mesmo florestas com animais.
Na Suíça, os trens panorâmico da GoldenPassLine (www.goldenpass.ch) são joias sobre trilhos. Na totalidade, a linha liga Zurique, Lucerna, Interlaken -no entroncamento ferroviário chamado de "o topo da Europa"- , Montreux e Genebra. Há três diferentes trens nessa linha GoldenPass, mas todos eles têm janelas imensas.
Na viagem feita pela Folha, com um trem de locomotiva dourada, as janelas iam até o teto e o design arrojado da cabine tinha o maquinista num deque superior.
Os trechos não são especialmente longos nessa estrada da GoldenPass Line e o ideal é reservar alguns dias para visitar as cidades do trajeto e pernoitar em alguns desses locais.
Entre Lucerna, a 436 m de altitude até Interlaken, a 567 m, o GoldenPass passa por Brünig, a 1.001 m em viagem que demora duas horas; ao todo, entre Lucerna e Montreux, na beira do lago, a 395 m de altitude, gasta-se quatro horas e 15 minutos, passando por picos de até 1.274 m.
A comida, paga a parte, é atração a parte. Entre os lanches típicos, há diversidade de frios, queijos -a Gruyères, famosa pelos laticínios, fica no caminho-, além de pães pretos e do vinho suíço, que tem sua tradição e faz todo o sentido com as iguarias do local.
Outro pequeno trem da mesma empresa sobe as encostas a partir de Montreux no rumo de Rochers-de-Naye. É um trem cremalheira que lembra um bonde e que percorre uma linha turística que começou a operar em 1892. Do alto, além de avistar o lago Leman, os Alpes e partes da cidade, é possível, dependendo da época, esquiar e ver as marmotas -Rochers-de-Naye é chamado de paraíso desses roedores.
Há no alto da montanha um restaurante panorâmico, um espaço para crianças e até cubículos chamados localmente de "yourtes" onde é possível pernoitar a mais de 2.000 m de altitude. (SILVIO CIOFFI)

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