DA ENVIADA ESPECIAL AO MÉXICO

Em uma casa do século 16 fica o restaurante Los Danzantes. Como a cidade é toda simpática, ao entrar ali e se deparar com um ambiente mais, diga-se, metido, o visitante pode ficar intimidado. Ao ver os preços do cardápio, pode ficar ainda mais intimidado. Mas a refeição compensa.
A casa se apresenta como um lugar para "gerar prazer para os sentidos, através da fusão de produtos e conceitos mexicanos". Soa metido e afetado e é metido e afetado. Mas delicioso.
A idéia é conhecida: usar ingredientes e modos de preparo tradicionais, mas acrescentar aquele algo mais, que surge na apresentação dos pratos, no apuro das técnicas, na precisão do cozimento, na dosagem dos temperos.
A proposta fica clara na leitura do cardápio. Entre as entradas, há, por exemplo, crepes de chapulines e flor de abóbora com queijo de Chiapas.
Para acompanhar a comida, é oferecido o vinho In Vino Veritas, produzido por uma vinícola pertencente ao grupo de empresas do restaurante -há ainda uma destilaria de mezcal.
A vinha fica no vale de Guadalupe, na Baja Califórnia. A safra 2001 é uma mescla de cabernet sauvignon e cabernet franc. O vinho não é filtrado. A filtragem tem como objetivo retirar sedimentos do líquido. No entanto, alguns enólogos defendem que ela extingue parte dos sabores mais sutis da bebida. Daí algumas casas optam por não usá-la.
O resultado é um vinho encorpado (com um pouco de borra) e que combina com as opções de carne do cardápio, como a arrachera com cebolinhas e chile -exatamente a mesma combinação oferecida pelos "asadores" do mercado 20 de Noviembre. Essa é a graça. A carne está perfeitamente no ponto, e o interior das cebolinhas parece um purê.
Depois da refeição, o comensal pode provar o mezcal da destilaria do grupo. O feitio da bebida resgata técnicas tradicionais, que diminuem a produtividade, mas resultam em um mezcal mais palatável. São quatro tipos. Se mostrar interesse, o cliente ganha degustação e miniaula. A conta assusta -para os padrões locais. Couvert, prato principal, vinho e café, para dois, custam 600 pesos (R$ 112). (HELOISA LUPINACCI)


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