São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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Uva deve ser cada vez mais usada em "corte"

DA REPORTAGEM LOCAL

Faz menos de dez anos que a carmenère foi redescoberta no Chile. Em 1994, o ampelógrafo -profissional dedicado ao estudo, à descrição e à identificação da vinha- francês Jean-Michel Boursiquot bateu o martelo após fazer até testes de DNA: certas vinhas tidas como sendo de merlot eram na verdade essa casta bordalesa considerada extinta.
A carmenère foi levada ao Chile em meados do século 19 por aristocratas que buscavam elevar o padrão de qualidade do vinho produzido no país. Em 1860, a filoxera, um tipo de pulgão que ataca a videira, devastou as vinhas européias e causou a suposta extinção da casta.
O Chile é hoje o único país que produz bons vinhos com essa uva. Isso não significa, no entanto, que essa seja a casta mais bem adaptada ao país. "A uva mais bem-sucedida no Chile é a cabernet sauvignon, hoje seguida de perto pela ótima shiraz", afirma Arthur Azevedo, diretor da Associação Brasileira de Sommeliers em São Paulo. Ciro Lilla, dono da importadora de vinhos Mistral, concorda: "Prefiro syrah e cabernet sauvignon, entre os tintos, e sauvignon blanc entre os brancos".

Corte
A tendência é empregar a uva em cortes -vinhos que combinam o produto da fermentação de castas diferentes.
Segundo Azevedo, "a maioria dos enólogos chilenos não tem dúvida de que o futuro da carmenère será a participação em vinhos de corte, mesclada com outras varietais tintas, principalmente com cabernet sauvignon, merlot e shiraz". Vinhos com essas combinações entre uvas estão hoje entre os melhores do Chile.
A carmenère é considerada uma casta exigente e de difícil cultivo. "Aos poucos, os enólogo chilenos estão aprendendo os seus segredos e qual é a melhor maneira de manejá-la", afirma Azevedo.
Ele explica que, quando a uva está madura, ela pode produzir vinhos macios, que geralmente têm aromas de frutas escuras maduras e chocolate. A marca de um bom carmenère é "um inequívoco caráter de especiarias, em especial de pimenta vermelha".
Esses vinhos costumam ser tomados ainda jovens, não sendo muito adequados à guarda.
As características do carmenère de uvas verdes ou safras ruins são o sabor herbáceo, de fruta verde, com taninos grosseiros.
A produção dessa uva está concentrada nos vales do Maule e do Colchagua. Em 1995, a carmenère cobria cerca de 95 hectares. Hoje, ocupa 5.407 hectares. (HL)

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