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Uva deve ser cada vez mais usada em "corte"
DA REPORTAGEM LOCAL
Faz menos de dez anos que a
carmenère foi redescoberta no
Chile. Em 1994, o ampelógrafo
-profissional dedicado ao estudo, à descrição e à identificação da
vinha- francês Jean-Michel
Boursiquot bateu o martelo após
fazer até testes de DNA: certas vinhas tidas como sendo de merlot
eram na verdade essa casta bordalesa considerada extinta.
A carmenère foi levada ao Chile
em meados do século 19 por aristocratas que buscavam elevar o
padrão de qualidade do vinho
produzido no país. Em 1860, a filoxera, um tipo de pulgão que ataca a videira, devastou as vinhas
européias e causou a suposta extinção da casta.
O Chile é hoje o único país que
produz bons vinhos com essa uva.
Isso não significa, no entanto, que
essa seja a casta mais bem adaptada ao país. "A uva mais bem-sucedida no Chile é a cabernet sauvignon, hoje seguida de perto pela
ótima shiraz", afirma Arthur Azevedo, diretor da Associação Brasileira de Sommeliers em São Paulo. Ciro Lilla, dono da importadora de vinhos Mistral, concorda:
"Prefiro syrah e cabernet sauvignon, entre os tintos, e sauvignon
blanc entre os brancos".
Corte
A tendência é empregar a uva
em cortes -vinhos que combinam o produto da fermentação de
castas diferentes.
Segundo Azevedo, "a maioria
dos enólogos chilenos não tem
dúvida de que o futuro da carmenère será a participação em vinhos de corte, mesclada com outras varietais tintas, principalmente com cabernet sauvignon,
merlot e shiraz". Vinhos com essas combinações entre uvas estão
hoje entre os melhores do Chile.
A carmenère é considerada uma
casta exigente e de difícil cultivo.
"Aos poucos, os enólogo chilenos
estão aprendendo os seus segredos e qual é a melhor maneira de
manejá-la", afirma Azevedo.
Ele explica que, quando a uva
está madura, ela pode produzir
vinhos macios, que geralmente
têm aromas de frutas escuras maduras e chocolate. A marca de um
bom carmenère é "um inequívoco caráter de especiarias, em especial de pimenta vermelha".
Esses vinhos costumam ser tomados ainda jovens, não sendo
muito adequados à guarda.
As características do carmenère
de uvas verdes ou safras ruins são
o sabor herbáceo, de fruta verde,
com taninos grosseiros.
A produção dessa uva está concentrada nos vales do Maule e do
Colchagua. Em 1995, a carmenère
cobria cerca de 95 hectares. Hoje,
ocupa 5.407 hectares. (HL)
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