São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Pequeno roteiro no centro faz viagem à história local

Desde 1969, sete quadras de São Sebastião foram tombadas pelo Condephaat

Em 2000, restauro da igreja matriz recuperou oito imagens de santos escondidas em janelas que estavam tapadas


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desde 1969, sete quarteirões localizados no centro histórico -e outros imóveis isolados- foram tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico), ligado à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.
Alguns canhões do tempo do Império ainda apontam para o mar, mas hoje servem como decoração e diversão para as crianças. Placas na rua da Praia, via principal entre os quarteirões tombados e eixo turístico do centro histórico, indicam um pequeno roteiro e pontos representativos da história local.
Uma boa pedida é começar pelo museu de Arte Sacra. A capela do século 18, dedicada a são Gonçalo, tem instalações modestas e um acervo pequeno, mas expõe peças interessantes e recém-restauradas, como a imagem de santa Luzia que foi encontrada no restauro da igreja matriz da cidade, em 2000.
Oito imagens de santos estavam escondidas em antigas janelas que foram tapadas durante reformas realizadas nos séculos anteriores.
Na restauração anterior, as imagens foram encontradas em pedaços. Possivelmente quebradas, elas não foram descartadas, mas passaram a fazer parte da estrutura da igreja, como era costume na época.
Quem conta essa história e muitas outras é Edivaldo Nascimento, 61, que atualmente cuida do museu. Sem modéstia, ele diz se considerar um guardião da cultura caiçara. Nascido em São Sebastião, começou a se interessar por filmes e fotografia com 16 anos, registrando a transformação da cidade.
Ainda sobre a igreja matriz, o fotógrafo conta uma história conhecida por lá, que virou filme na década de 70: o dia em que o santo pecou.
Conta-se que, no século 18, havia um senhor que metia medo em toda a população, desafiando e humilhando quem resolvesse enfrentá-lo. A população assustada pedia ajuda ao santo padroeiro da cidade. Um dia, o senhor apareceu morto na frente da igreja matriz.
A fé no santo era tão grande que logo correu a notícia de que são Sebastião havia descido do altar e eliminado o valentão. Sem duvidar das benfeitorias sagradas, o delegado local prendeu a imagem do santo.
Nos anos em que cumpriu pena, são Sebastião só saía da delegacia para a procissão na festa que leva seu nome. Mesmo assim, escoltado pela polícia. (GUILHERME TOSETTO)



Texto Anterior: História traz luz a um passado que é presente
Próximo Texto: Prato típico pode ser provado na casa de caiçaras
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.