São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2007

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PIAUÍ DA GEMA

Região reúne cachoeiras, mirante e arqueologia

Trilhas pela mata fechada e cavernas com traços de presença humana levam turista para longe do centro

DO ENVIADO ESPECIAL A PEDRO 2º

O Estado do Piauí é conhecido por belezas naturais incontestáveis, como os parques nacionais da serra da Capivara e de Sete Cidades, além da monumental cachoeira do Urubu. Os arredores de Pedro 2º têm lugares que fazem jus à fama piauiense.
Um deles é o mirante do Gritador, a 12 km do centro. O nome é demonstrado pelo guia Ramiro de Andrade, que enche o pulmão e solta um grito que ecoa demoradamente pelo vale.
"Até hoje, muita gente se comunica desde aqui com a vila do Caranguejeiro, lá embaixo, passando recados ou procurando por algum morador. Assim poupa celular", diz, brincando.
O mirante possui uma plataforma de pedra cortada abruptamente para o vale, numa parede vertical com mais de 100 metros de altura, o que faz dele um ponto muito procurado para a prática do rappel.
Ao longe divisa-se a serra da Cangaia, após um vale liso como uma mesa de bilhar, mas coberto de vegetação.
E falando de liso, em uma visita a Pedro 2º não se pode deixar de tomar um delicioso banho na cachoeira do Salto Liso, que tem uma profunda piscina natural ao redor.
Fica a 12 km do centro da cidade. Chega-se de carro até o início da trilha, uma caminhada leve por mata fechada que não leva mais de 20 minutos para ser feita. No caminho, avistam-se aves da região, como o anhambú, que costuma dar um grande susto em todos, ao sair gritando e voando.
Recomenda-se não caminhar sem um guia pelas trilhas de Pedro 2º. Não tanto pelas onças, que, dizem, costumam aparecer por ali, mas, principalmente, porque é fácil se perder na mata fechada sem pontos claros de referência.
Pedro 2º está numa área chamada de Enclave Arqueológico, por possuir um número muito grande de sítios que demonstram o passo do homem antigo. Em alguns deles há traços mais recentes, de 3.000 anos atrás, até rastros de longínquos 12 mil anos atrás.
Os sítios mais, digamos, recentes, com 3.000 anos, são denominados de tradição geométrica. Aqueles de idades entre 6.000 e 8.000 anos recebem o nome de tradição agreste. Os que apresentam pinturas rupestres e têm idades entre 8.000 a 12 mil anos têm o nome de tradição nordeste.
Ainda há outro tipo de tradição, conhecido como tradição de gravuras. Nessa categoria estão os sítios onde há figuras em baixo relevo em paredões. Esse tipo também tem o nome de Itaquatiara, palavra indígena para desenho na pedra.
Embora a discussão sobre a presença humana no planeta continue no mundo científico, por aqui todo mundo diz que a questão fica comprovada no Piauí. E encerra a discussão.
O achado de uma suposta fogueira, que teria 24 mil anos, ainda acende acaloradas conversas. E a dúvida é: teria ela sido feita pelo homem ou teria um raio causado esse fogo todo? O melhor é deixar os cientistas trabalhando nisso e ir visitar os sítios e as cavernas.


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