São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2007

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mercadões

Suvenires roubam espaço das tulipas em Amsterdã

DE METAL Tulipas e outras flores representam hoje 3% das vendas de barraca em mercado antes dedicado só às plantas

Antonio Arruda/Folha Imagem
Em Amsterdã, o "Bloemenmarkt' está à beira do Singel e é o último mercado local flutuante


ANTONIO ARRUDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM AMSTERDÃ (HOLANDA)

Vender flores no mercado de flores não é um bom negócio -e parece que a contradição é resultado de duas evidências, segundo Henrikka Harkonen, 25, finlandesa que há dois anos foi trabalhar no mercado de flores à beira do canal Singel em Amsterdã (www.iamsterdam.com) com os pais.
A primeira é a desenfreada cultura dos suvenires, que, nas palavras de Henrikka, fazem os turistas procurarem apenas o óbvio. No caso, botinhas típicas de camponesas de madeira, de louça, em panos, camisetas e em pequenos broches, moinhos de vento, miniaturas baratas de quadros de Van Gogh e Rembrandt e, sim, tulipas, muitas tulipas: de madeira, de metal, de plástico...
A vendedora conta que as flores naturais representam apenas 3% das vendas da sua barraca. A concorrência dos grandes centros de jardinagem e paisagismo e shoppings com mais conforto -e que trazem, de quebra, outros diversos atrativos- fazem com que os moradores da cidade, que são os principais compradores de flores, abandonem o charmoso mercado de rua.
Ainda que as flores não sejam o principal produto do mercado, o importante é o atrativo turístico que elas oferecem. É improvável que turistas cruzem oceanos com vasos de flores. Mas é possível que eles levem bulbos de tulipa para casa em latinhas comemorativas.
Alguns visitantes saem frustrados do mercado, dizendo que tudo se repete a cada barraca, já que as lembrancinhas são praticamente as mesmas em todas elas. Mas a caminhada pela estreita ruela à beira do canal é um passeio que deve ter um cunho sensorial e, de certa forma, bucólico.
Vale fazer essa caminhada observando o quanto os olhos enchem-se diante de tantas formas e cores, e o quanto os odores guiam o turista num processo sinestésico.
Ainda que se tenha, por vezes, a sensação de que não é nada que não se possa experimentar no Brasil -e, diga-se de passagem, as flores tropicais parecem muito mais vivas-, a magia dos canais, que duplicam Amsterdã numa tentativa impressionista de expandir a pequena cidade, faz das flores de lá únicas. São somente elas as que se exibem ali, naquele encantador canto de uma cidade lírica e pulsante. Vale lembrar que as flores em vasos não podem ser exportadas.


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