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mercadões
Suvenires roubam espaço das tulipas em Amsterdã
DE METAL Tulipas e outras flores representam hoje 3% das vendas de barraca em mercado antes dedicado só às plantas
Antonio Arruda/Folha Imagem
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Em Amsterdã, o "Bloemenmarkt' está à beira do Singel e é o último mercado local flutuante |
ANTONIO ARRUDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM AMSTERDÃ (HOLANDA)
Vender flores no mercado de
flores não é um bom negócio
-e parece que a contradição é
resultado de duas evidências,
segundo Henrikka Harkonen,
25, finlandesa que há dois anos
foi trabalhar no mercado de flores à beira do canal Singel em
Amsterdã (www.iamsterdam.com) com os pais.
A primeira é a desenfreada
cultura dos suvenires, que, nas
palavras de Henrikka, fazem os
turistas procurarem apenas o
óbvio. No caso, botinhas típicas
de camponesas de madeira, de
louça, em panos, camisetas e
em pequenos broches, moinhos de vento, miniaturas baratas de quadros de Van Gogh e
Rembrandt e, sim, tulipas, muitas tulipas: de madeira, de metal, de plástico...
A vendedora conta que as flores naturais representam apenas 3% das vendas da sua barraca. A concorrência dos grandes centros de jardinagem e
paisagismo e shoppings com
mais conforto -e que trazem,
de quebra, outros diversos atrativos- fazem com que os moradores da cidade, que são os
principais compradores de flores, abandonem o charmoso
mercado de rua.
Ainda que as flores não sejam
o principal produto do mercado, o importante é o atrativo turístico que elas oferecem. É improvável que turistas cruzem
oceanos com vasos de flores.
Mas é possível que eles levem
bulbos de tulipa para casa em
latinhas comemorativas.
Alguns visitantes saem frustrados do mercado, dizendo
que tudo se repete a cada barraca, já que as lembrancinhas são
praticamente as mesmas em
todas elas. Mas a caminhada
pela estreita ruela à beira do canal é um passeio que deve ter
um cunho sensorial e, de certa
forma, bucólico.
Vale fazer essa caminhada
observando o quanto os olhos
enchem-se diante de tantas
formas e cores, e o quanto os
odores guiam o turista num
processo sinestésico.
Ainda que se tenha, por vezes, a sensação de que não é nada que não se possa experimentar no Brasil -e, diga-se de passagem, as flores tropicais parecem muito mais vivas-, a magia dos canais, que duplicam
Amsterdã numa tentativa impressionista de expandir a pequena cidade, faz das flores de
lá únicas. São somente elas as
que se exibem ali, naquele encantador canto de uma cidade
lírica e pulsante. Vale lembrar
que as flores em vasos não podem ser exportadas.
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