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UVA SEM CHUVA
Bodegas e grutas abrigam concertos durante festival
Em sua sétima edição, festa reúne músicos como o letão Gidon Kremer e o grupo suíço Música Fiorita
BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A MENDOZA
Vinho e música clássica. Se a
combinação já parece boa, saiba que a mistura pode ficar ainda mais tentadora. O cenário do
encontro pode ser uma igreja
antiga, uma gruta, as margens
de um rio ou uma bodega, com
músicos e público rodeados por
tonéis de carvalho.
A idéia de tirar a música de
seu habitat natural, o teatro, e
levá-la a lugares atraentes pela
beleza natural ou arquitetônica
transformou o Festival Internacional de Música Clássica
pelos Caminhos do Vinho em
um dos acontecimentos mais
preciosos da cultura argentina.
O festival, em sua sétima edição, acontece uma vez por ano e
se repetirá entre 4 e 8/4, na Semana Santa. Todas as apresentações, cerca de 50 concertos,
são gratuitas. Em 2006, 70 mil
pessoas participaram.
"O espírito é desfrutar. Cada
locação é escolhida com cuidado para que seja uma experiência fenomenal", diz a ministra
do Turismo e da Cultura de
Mendoza, Mariana Juri.
Nas bodegas, os concertos
são combinados com visitas
guiadas e podem se transformar em excursões de um dia,
com direito à degustação de vinhos, queijos, azeites e "jamón
crudo" argentino (o presunto
cru) -por conta da casa.
Quem já tem a audição, o olfato e o paladar treinados terá o
prazer de experimentar vinhos
de uvas que estão sendo testadas na região e ainda encontrará músicos do naipe do violinista letão Gidon Kremer.
Kremer, 59, que já gravou as
principais obras de Bach, Beethoven e Mozart, aventura-se
também pela música contemporânea e pelo tango do argentino Astor Piazzolla (1921-1992). Fundador de Lockenhaus, o festival de música de
câmara que acontece no verão
na Áustria, ganhou um
Grammy pelo disco "After Mozart", em 2002, com seu grupo,
a Kremerata Báltica.
A música sacra e a música da
Renascença e do Barroco colonial também percorrerão locações especiais da Província de
Mendoza com grupos como o
suíço Música Fiorita, com a direção da italiana Daniela Dolci.
O violonista uruguaio Rafael
Bonavita, especialista em instrumentos antigos de corda, e o
argentino Juan Manuel Quintana, que toca viola de gamba,
integram a lista de atrações.
Na abertura do festival, a Sinfonia nš 2 de Mahler, "Ressurreição", será executada pela Orquestra Sinfônica da Universidade Nacional de Cuyo (que
tem o nome da região formada
pelas Províncias argentinas de
San Juan, San Luis, Mendoza e
La Rioja). No encerramento,
haverá concerto com a soprano
Eliana Bayon, o tenor Luis Lima e o barítono Luis Gaeta, todos argentinos, e a Orquestra
Filarmônica de Mendoza.
Teatro
Na praça Independência fica
a casa da filarmônica da Província: o teatro Independência,
com traçado do academicismo
francês e capacidade para 730
pessoas. Inaugurado em 1925,
foi remodelado em 2003.
Reformado pela primeira vez
em 1940, o teatro foi reinaugurado com a projeção do filme
"Casablanca". Um incêndio em
1963 obrigou o teatro a fechar
as portas durante dois anos.
Na cidade, quando os moradores querem se referir a algo
caro, dizem que "é coisa para
gente de teatro Independência". O lugar, porém, tem espetáculos a preços bem acessíveis.
O teatro fica ao lado do Plaza
Hotel, que em 2001 foi refeito
pela rede Hyatt, que conservou
somente a fachada do século 19.
Bruno Lima viajou a convite do Governo da Província de Mendoza
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