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BRASIL/JAPÃO
Rituais da luta tomam mais tempo do que os confrontos
Cerimônia de acesso dos atletas corpulentos à área de combate inclui desfile com trajes de seda bordados
DO ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO
A ação de fato na luta de sumô é bem mais breve que o jogo
de cena antes do contato dos rikishi. A cerimônia de entrada
na área de combate (dohyo)
ocorre antes da luta nas categorias mais graduadas e é o momento mais colorido do evento.
É um verdadeiro desfile dos
atletas com trajes "de gala", todo em seda bordada, cujo valor
gira entre 400 mil e 500 mil ienes (de R$ 6.300 a R$ 7.900).
Os rikishi entram em ordem
crescente de graduação, exibem as vestimentas e realizam
movimentos rituais em círculo.
Depois é a vez dos yokozunas
-os grande campeões-, que
têm um cerimonial exclusivo.
A entrada deles no dohyo é
antecipada por um juiz graduado e dois companheiro de centro de treinamento. Um colega
traz uma espada, que simboliza
a graduação do yokozuna. Outra peça simbólica é o cordão
em que estão presas tiras de papel (semelhantes às usadas em
templos xintoístas), que o campeão usa sobre a peça de seda.
Com os demais figurantes
acocorados no dohyo, o yokozuna bate palmas para atrair a
atenção dos deuses. A seguir,
estende os braços lateralmente
e vira as palmas para cima, para
mostrar que não traz armas.
O ponto alto da cerimônia é
quando ele ergue alternadamente os pé no ar e pisa com
força, para, simbolicamente,
afastar o mal do dohyo.
Antes dos combates, os oponentes são anunciados de maneira dramática. Os rikishi sobem ao dohyo, se curvam diante do rival e cada um vai ao seu
canto, onde batem palmas e pisam o solo. Os lutadores lançam sal para purificar o dohyo e
pedir que não haja contusões.
Os mais graduados têm direito a enxaguar a boca com a
"água da força", servida pelo lutador que venceu o combate
anterior. Depois usam um papel especial para secar os lábios
-simbolizando a limpeza do
corpo antes do confronto.
Após exibirem os braços para
evidenciar que não trazem armas, os rikishi se postam diante
do adversário com os punhos
cerrados sobre o solo e passam
a um período de "guerra fria".
Categorias mais graduadas
têm até quatro minutos para
intimidar o adversário com os
olhos. Em tese, aguardam pelo
momento em que os dois estão
prontos. No fim do tempo de
espera, o juiz posiciona seu leque entre os dois e diz que não
há mais o que esperar.
A carga inicial precisa ser simultânea. Depois do fim da
ação, o juiz aponta o leque para
o lado do vencedor.
Cada um em seu canto, os rikishi se curvam, e o vitorioso
ergue o braço direito na altura
dos ombros. Se houver premiação em dinheiro, o juiz traz a
importância sobre seu leque. O
vencedor põe a mão verticalmente sobre o prêmio e simula
cortá-lo, primeiro à esquerda,
depois ao centro e depois à direita -como agradecimento
aos três deuses da vitória.
Depois, se posiciona ao lado
do dohyo para servir a água da
vitória ao próximo lutador.
No fim do dia, acontece a cerimônia do arco, em que um
dos vencedores da jornada é
premiado com o instrumento.
Até a aposentadoria do rikishi segue um ritual. Ao deixar o
sumô profissional, os grandes
competidores são chamados ao
dohyo. Lá, o dono do centro de
treinamento onde se desenvolveram corta o nó ritual sobre a
cabeça do atleta.
(LUÍS FERRARI)
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