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BRASIL/JAPÃO
Hierarquia do sumô determina até quem pode se casar
Atletas novatos têm obrigação de servir veteranos até atingir o primeiro estágio considerado profissional
DO ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO
A rotina de um lutador de sumô envolve bem mais que comer bastante. O "plano de carreira" dentro da modalidade se
parece bastante com a instrução dos antigos samurais.
Tudo no sumô depende da
graduação dos competidores. É
o ranking, determinado pela
evolução dos rikishi durante os
seis torneios ao longo do ano,
que determina se o lutador tem
o direito de dormir em um
quarto privativo ou até mesmo
se ele pode ser casar.
Vida dura
No início, sem ranking, a vida
é bastante difícil. Os novatos,
que dividem alojamentos coletivos nos centros de treinamento, acordam entre 4h e 5h e
já começam a sua jornada intensa de treinos.
A partir de 8h, começam a
chegar os mais graduados. Então os novatos ficam na condição de espectadores de luxo, só
observando para aprender.
Após a primeira refeição, os
aprendizes cuidam do centro
de treinamento, varrendo, lavando banheiros, fazendo camas e cuidando da lavanderia
(própria e dos veteranos).
Mais tarde, eles vão às compras e precisam cozinhar para
os mais velhos. Mas os novatos
só podem comer o que eles
mesmo prepararam depois que
os colegas de graduação mais
alta estiverem satisfeitos.
Cheio de calorias
O prato padrão é "chanko nabe". É um cozido altamente calórico que leva vegetais, frango,
tofu, misô e molho de soja.
Antigamente, evitava-se o
uso de carne suína e bovina
-pois, quando vivos, tais animais, quadrúpedes, aparentavam a postura de um rikishi
derrotado. Hoje, não há mais
restrições ao uso de carnes e até
receitas com peixe estão no
cardápio dos competidores.
Até atingir o status de juryo
(o primeiro considerado "profissional"), os atletas têm a
obrigação de servir os veteranos. Tudo o que os mais velhos
mandarem é obrigação.
Nessa fase, os rikishi ainda
não são profissionais -por isso,
as regras são mais rígidas, vedando, por exemplo, tapas no
rosto. Com o sucesso no amadorismo, cerca de 10% deles ascendem à condição de juryo.
A partir desta classe, profissional, os rikishi deixam de servir e passam a ser servidos. Ganham o direito de um quarto
individual no centro de treinamento e podem até se casar.
Outra marca da promoção a
juryo é o direito de ter um "akeni", outro objeto do Japão mais
antigo que sobrevive em uso
graças ao sumô.
É um baú ornamental feito
de bambu e papel artesanal, onde os rikishi levam seus pertences -arrumados meticulosamente por um aprendiz, claro.
Assim como os competidores
estão sujeitos a uma escala em
razão de seu ranqueamento, os
juízes seguem a mesma regra
-e exibem no vestuário provas
de sua graduação.
Quanto mais colorido, melhor é o juiz. Conforme avançam na carreira, eles ganham
adereços como sandálias, fitas
no chapéu, espada curta e um
laço prendendo a roupa.
A maior distinção, porém, é o
leque, similar ao modelo usado
pelos senhores da guerra quando assumiam o comando de
tropas no século 16. A cor da fita
amarrada ao leque indica o nível do juiz na hierarquia.
(LUÍS FERRARI)
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