São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2008

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BRASIL/JAPÃO

Imigração foi alvo de restrições

Na década de 1910, okinawanos não podiam ser imigrantes contratados e tinham de pagar pela viagem

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Depois da primeira marcante viagem de japoneses ao Brasil, em 1908, não demorou muito para que, nos cafezais, começassem fugas e conflitos contra os fazendeiros brasileiros. Os okinawanos foram considerados -falsamente- os culpados, de acordo com Koichi Mori, professor de antropologia da Universidade de São Paulo.
Por conta disso, até meados da década de 1910, ocorreu a primeira restrição aos okinawanos: eles não poderiam mais ser imigrantes contratados, o que tornou bastante difícil sua imigração.
Eles até poderiam ir de modo livre, mas teriam de pagar pela viagem e encontrar um trabalho por conta própria.
Para se ter uma idéia de como o Brasil buscava imigrantes, até 1923, o próprio Estado de São Paulo pagava para vários deles virem, pois faltava mão-de-obra rural.
No entanto, a partir de então, é o Japão que passa a pagar a viagem deles, numa política nacional, devido à sua crise demográfica pós-feudal, com uma massa de trabalhadores desempregados e miseráveis.

Restrições
Mais uma vez, no entanto, okinawanos foram acusados de causar problemas; com isso, no fim da década de 1910, restringiu-se sua imigração de maneira a praticamente inviabilizá-la. Algumas das condições eram: saber a língua japonesa (eles tinham um dialeto próprio, o uchinaguchi), mulheres casadas não poderia ter tatuagem na mão (e esse detalhe era específico da cultura okinawana), deveriam ter determinada escolaridade, entre outras.
Em 1926, a pedidos da associação de okinawanos no Brasil e também do governo de Okinawa, as restrições foram suavizadas, mas permaneceram até 1936.
A imigração ao Brasil prossegue até 1941, quando todos os japoneses foram proibidos de vir ao país, pelo alinhamento oposto dos países na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Já em 1953, no pós-guerra, a imigração recomeça, com a economia do Japão devastada pelos combates.
Como no Brasil já haviam sido formadas comunidades okinawanas, era mais fácil seguir imigrando para cá. Conta Shinji Yonamine, vice-presidente da Associação Okinawa Kenjin do Brasil: "Havia um espírito de solidariedade e parentesco, todos estavam há muitas gerações em comunidade, em uma mesma região da província."
E assim foi até a década de 1970, quando o Japão ficou totalmente recuperado em seu crescimento econômico; então, os japoneses não precisam mais "fazer a América". (MAURÍCIO KANNO)


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