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BRASIL/JAPÃO
Imigração foi alvo de restrições
Na década de 1910, okinawanos não podiam ser imigrantes contratados e tinham de pagar pela viagem
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Depois da primeira marcante
viagem de japoneses ao Brasil,
em 1908, não demorou muito
para que, nos cafezais, começassem fugas e conflitos contra
os fazendeiros brasileiros. Os
okinawanos foram considerados -falsamente- os culpados,
de acordo com Koichi Mori,
professor de antropologia da
Universidade de São Paulo.
Por conta disso, até meados
da década de 1910, ocorreu a
primeira restrição aos okinawanos: eles não poderiam mais
ser imigrantes contratados, o
que tornou bastante difícil sua
imigração.
Eles até poderiam ir de modo
livre, mas teriam de pagar pela
viagem e encontrar um trabalho por conta própria.
Para se ter uma idéia de como o Brasil buscava imigrantes,
até 1923, o próprio Estado de
São Paulo pagava para vários
deles virem, pois faltava mão-de-obra rural.
No entanto, a partir de então,
é o Japão que passa a pagar a
viagem deles, numa política nacional, devido à sua crise demográfica pós-feudal, com uma
massa de trabalhadores desempregados e miseráveis.
Restrições
Mais uma vez, no entanto,
okinawanos foram acusados de
causar problemas; com isso, no
fim da década de 1910, restringiu-se sua imigração de maneira a praticamente inviabilizá-la. Algumas das condições
eram: saber a língua japonesa
(eles tinham um dialeto próprio, o uchinaguchi), mulheres
casadas não poderia ter tatuagem na mão (e esse detalhe era
específico da cultura okinawana), deveriam ter determinada
escolaridade, entre outras.
Em 1926, a pedidos da associação de okinawanos no Brasil
e também do governo de Okinawa, as restrições foram suavizadas, mas permaneceram
até 1936.
A imigração ao Brasil prossegue até 1941, quando todos os
japoneses foram proibidos de
vir ao país, pelo alinhamento
oposto dos países na Segunda
Guerra Mundial (1939-1945).
Já em 1953, no pós-guerra, a
imigração recomeça, com a
economia do Japão devastada
pelos combates.
Como no Brasil já haviam sido formadas comunidades okinawanas, era mais fácil seguir
imigrando para cá. Conta Shinji
Yonamine, vice-presidente da
Associação Okinawa Kenjin do
Brasil: "Havia um espírito de
solidariedade e parentesco, todos estavam há muitas gerações em comunidade, em uma
mesma região da província."
E assim foi até a década de
1970, quando o Japão ficou totalmente recuperado em seu
crescimento econômico; então,
os japoneses não precisam
mais "fazer a América".
(MAURÍCIO KANNO)
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