São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sala do museu Larco parece "sex shop" pré-incaico

Na exposição permanente, há tecidos que demonstram o desenvolvimento da técnicas que datam de 1.000 a.C

Na sala erótica, algumas das peças associam o sexo excessivo à morte; outros objetos fazem referência à fertilidade

JAMES CIMINO
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

A repressão sexual não é exclusividade da cultura cristã. Constata isso quem visita o museu Rafael Larco Herrera (www.museolarco.org), em Lima, que tem uma das maiores e mais ricas coleções de objetos cerâmicos e de ouro que remontam a mais de 3.000 anos de história pré-colombiana.
Dentre as mais de 44 mil peças, destaca-se uma sala específica, que guarda a coleção erótica da cultura Mochica. São vasos e estátuas com representações de práticas e órgãos sexuais.
Chega-se a ter a sensação de estar dentro de um "sex shop" pré-incaico, com jarras cerâmicas no formato de pênis e, se não fosse absurdo o adjetivo, bonecas "infláveis" em barro.
Algumas das peças, segundo os guias, eram utilizadas para representar os períodos de colheita e, portanto, de fertilidade.
Outras, remetiam à morte, como uma estátua com um pênis gigante e uma cabeça de caveira, demonstrando a preocupação dessas civilizações com o apego excessivo aos prazeres da carne.

SALA ERÓTICA?
Um dos inúmeros taxistas da capital peruana, mas dono de um raro conhecimento sobre museus limenhos, conduz a reportagem ao Larco Herrera, que classifica como "um dos melhores de Lima".
O motorista explica que o acervo daquele museu está situado dentro de uma mansão colonial do século 18, que, por sua vez, foi construída sobre uma pirâmide pré-colombiana do século 7.
"Lá, tem uma sala erótica. É um lugar de onde as pessoas costumam sair mudas. Aí você pergunta: "O que achou da sala erótica?" E te respondem: "Havia uma? Não me avisaram"."

EXPOSIÇÃO PERMANENTE
Nas salas de exposição permanente também há objetos menos "constrangedores", como tecidos que demonstram o desenvolvimento da técnica de confecção em teares e coloração de fibras que datam de 1.000 a.C.
Pouco depois de detalhar o apurado método têxtil, o guia se atém a explicar detalhes de uma pintura que demonstra a forma simbólica de colonização espanhola.
O quadro mostra toda a dinastia inca que, em determinado momento, é sucedida pelo rei espanhol Carlos 1º, apresentado como "legítimo herdeiro dos reis incas".


Texto Anterior: Peru
Próximo Texto: Acervo mostra o ouro usado em funerais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.