São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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FRESTA PARA TURISTA

Gaddafi tenta mostrar lado moderado

Antes isolada no cenário internacional, Líbia restabeleceu relações diplomáticas com os EUA em 2006

DA REDAÇÃO

O restabelecimento das relações diplomáticas entre a Líbia e os EUA, no ano passado, foi resultado de diversos esforços por parte do ditador líbio Muammar Gaddafi de reaproximar o país, muçulmano e situado no norte do continente africano, do Ocidente.
Gaddafi causou surpresa em 2003 ao concordar em desativar seu programa de armas de destruição em massa. No mesmo ano, a Líbia assumiu a responsabilidade pela explosão de aviões sobre a Escócia e a Nigéria, em 1988 e 1989, e começou a pagar pelos atos de violência.
Como resultado, as Nações Unidas levantaram as sanções econômicas contra o país, em vigor desde 1992 e suspensas desde 1999, quando Gaddafi concordou em entregar dois acusados pelo atentado na Escócia. Em 2004, o embargo comercial imposto pelos EUA em 1986 foi interrompido; naquele ano, a Líbia indenizou as vítimas de atentado a uma discoteca de Berlim freqüentada por militares americanos, em 1986.

Fresta
O panorama atual é bem diferente do da década de 80, quando Gaddafi, chamado de "cachorro louco do Oriente Médio" pelo presidente norte-americano Ronald Reagan, era considerado pelos EUA uma grande ameaça à segurança e uma força maligna por trás do terrorismo global. A Líbia foi bombardeada pelos EUA em 1986, num ataque que deixou 37 mortos, incluindo uma filha adotiva do ditador.
Coronel, Gaddafi comanda a Líbia desde 1969, após liderar um golpe militar contra a monarquia no país. Ele instaurou um regime monopartidário de orientação socialista e pan-arabista, expulsou militares estrangeiros e decretou a nacionalização de empresas e dos recursos petrolíferos do país.
Visando o que chamou de "revolução cultural", Gaddafi dedicou-se a remover traços de influências e ideologias estrangeiras, como o capitalismo e o comunismo, e a uma volta aos princípios básicos do Islã.
Nos anos 70, engajou-se na defesa da causa palestina e na oposição ao Ocidente, incentivando atos terroristas.

Lista
Há 38 anos no comando da Líbia, Gaddafi ficou em quarto lugar em um ranking dos líderes vivos há mais tempo no poder da revista "The Economist". Ele ficou atrás de Fidel Castro, ditador cubano, no poder de 1959 até julho de 2006, quando se afastou e entregou o comando da ilha ao irmão Raúl; de Omar Bongo, que fará 40 anos como presidente do Gabão em dezembro; e do sultão de Brunei, no poder há 39 anos.
Idiossincrático e conhecido por declarações bombásticas, o líder líbio atualmente demonstra um lado mais moderado. Deixou de defender a destruição de Israel e, hoje, afirma que a única solução para o conflito israelo-palestino é um único Estado para palestinos e israelenses. Outra bandeira de Gaddafi é a formação de uma confederação pan-africana nos moldes da União Européia.
Apesar das mudanças, é pouco provável que o próximo passo seja a promoção de reformas políticas. Em março, ao participar de um talk-show com dois pensadores ocidentais e um jornalista britânico, o ditador afirmou (sic) que o regime líbio é superior à democracia representativa.


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