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velho chico hoje
Barco a vapor leva viajantes rio abaixo
Benjamim Guimarães navega por Minas
FLÁVIA GIANINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM MINAS GERAIS
FERNANDO DONASCI
ENVIADO ESPECIAL A MINAS GERAIS
Um estrondoso apito marca
o início da viagem. Começa a
funcionar a fornalha do vapor
Benjamim Guimarães, embarcação construída em 1913 que,
depois de vinte anos parada,
passará, em fevereiro de 2008,
a transportar turistas em um
passeio pelo rio São Francisco
de Pirapora a São Romão, no
norte de Minas Gerais.
A viagem equivale a uma volta ao passado. Pouco depois do
início da navegação, telefones
celulares perdem a utilidade.
Não há comunicação para além
do barco. Então o olhar percorre a paisagem: o rio, a vegetação
e as cores surpreendem. E o silêncio se faz presente.
Dezenas de pessoas assistem
à saída do barco em Pirapora
(pirapora.mg.gov.br), no norte de Minas Gerais, a 361 km de
Belo Horizonte. Ao ouvir o apito que marca o início da viagem, a população na margem
se emociona com a partida da
embarcação. É difícil para um
forasteiro entender a comoção
dos locais ao ver o Benjamim
Guimarães em funcionamento.
Ela é explicada pela importância que os barcos a vapor tiveram para o desenvolvimento
da região. Quando a estrada ligando Rio e Bahia ainda não
existia, os barcos a vapor eram
o único meio de transporte daqueles que saíam do Nordeste
em busca de prosperidade no
Sudeste do país. A viagem entre
Juazeiro, na Bahia, e Pirapora
levava quatro dias.
No auge dos vapores, 30 embarcações do tipo navegavam
pelo Velho Chico. Hoje, o Benjamim Guimarães é o único em
funcionamento.
Tombado como patrimônio
histórico e construído em madeira, conserva o charme de
outrora. "Quase todas as famílias da região têm ligação afetiva com os barcos a vapor", explica um dos tripulantes.
Made in USA
Construído em 1913, no estado do Mississipi (EUA), o barco
começou a navegar pelo São
Francisco na década de 20. Nos
anos 80, entrou em decadência
com a navegação no rio.
A restauração da embarcação
levou vários anos e foi concluída em 2004. Mas foi só neste
ano que a Capitania dos Portos
de Minas Gerais autorizou o
início das viagens turísticas,
que começam a ser postas em
prática no ano que vem.
Antes de embarcar, aviso aos
marinheiros: o passeio não é
um cruzeiro. O desconforto do
calor e dos insetos desafiam os
viajantes. E a estrutura do barco é a de um vapor, não a de um
transatlântico. As cabines são
simples, e os banheiros, comunitários. Ao menos a tripulação
dá conta de manter os sanitários sempre limpos.
Flávia Gianini e Fernando Donasci viajaram a
convite da Paradiso Viagens e Turismo
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