São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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velho chico hoje

Barco a vapor leva viajantes rio abaixo

Benjamim Guimarães navega por Minas

FLÁVIA GIANINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MINAS GERAIS

FERNANDO DONASCI
ENVIADO ESPECIAL A MINAS GERAIS

Um estrondoso apito marca o início da viagem. Começa a funcionar a fornalha do vapor Benjamim Guimarães, embarcação construída em 1913 que, depois de vinte anos parada, passará, em fevereiro de 2008, a transportar turistas em um passeio pelo rio São Francisco de Pirapora a São Romão, no norte de Minas Gerais.
A viagem equivale a uma volta ao passado. Pouco depois do início da navegação, telefones celulares perdem a utilidade. Não há comunicação para além do barco. Então o olhar percorre a paisagem: o rio, a vegetação e as cores surpreendem. E o silêncio se faz presente. Dezenas de pessoas assistem à saída do barco em Pirapora (pirapora.mg.gov.br), no norte de Minas Gerais, a 361 km de Belo Horizonte. Ao ouvir o apito que marca o início da viagem, a população na margem se emociona com a partida da embarcação. É difícil para um forasteiro entender a comoção dos locais ao ver o Benjamim Guimarães em funcionamento.
Ela é explicada pela importância que os barcos a vapor tiveram para o desenvolvimento da região. Quando a estrada ligando Rio e Bahia ainda não existia, os barcos a vapor eram o único meio de transporte daqueles que saíam do Nordeste em busca de prosperidade no Sudeste do país. A viagem entre Juazeiro, na Bahia, e Pirapora levava quatro dias. No auge dos vapores, 30 embarcações do tipo navegavam pelo Velho Chico. Hoje, o Benjamim Guimarães é o único em funcionamento.
Tombado como patrimônio histórico e construído em madeira, conserva o charme de outrora. "Quase todas as famílias da região têm ligação afetiva com os barcos a vapor", explica um dos tripulantes.

Made in USA
Construído em 1913, no estado do Mississipi (EUA), o barco começou a navegar pelo São Francisco na década de 20. Nos anos 80, entrou em decadência com a navegação no rio. A restauração da embarcação levou vários anos e foi concluída em 2004. Mas foi só neste ano que a Capitania dos Portos de Minas Gerais autorizou o início das viagens turísticas, que começam a ser postas em prática no ano que vem.
Antes de embarcar, aviso aos marinheiros: o passeio não é um cruzeiro. O desconforto do calor e dos insetos desafiam os viajantes. E a estrutura do barco é a de um vapor, não a de um transatlântico. As cabines são simples, e os banheiros, comunitários. Ao menos a tripulação dá conta de manter os sanitários sempre limpos.


Flávia Gianini e Fernando Donasci viajaram a convite da Paradiso Viagens e Turismo


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